segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Autoshow 9: De volta à época das carruagens sem cavalos

Imagine-se no final do século XIX. Você resolve comprar um automóvel a gasolina, uma carruagem sem cavalos. Segundo comentam, a invenção do futuro. Sai para passear e, depois de alguns quilômetros, volta a pé porque a gasolina acabou e os postos ainda não foram inventados. Pior é chegar em casa e ouvir da esposa: “Eu te disse, besteira comprar essa máquina do diabo! Agora fica aí, tendo que arranjar um bom par de cavalos para puxar de volta aquela coisa...”

Charrete a motor

É assim que o proprietário de um carro elétrico poderá se sentir hoje em dia, possuindo um veículo que não pode ir muito longe de casa, sob o risco de ficar parado no meio do caminho. Você até pensa: “mas energia elétrica tem por toda a parte”. O problema é ter de bater campainha na casa de um desconhecido e pedir para usar a tomada dele. Ou enfrentar uma estrada, sem saber onde será o próximo local com energia disponível.

Esse tipo de dificuldade nunca segurou a raça humana. Não vai ser agora que irá segurar. Creio que temos uma queda para sermos aventureiros. É isso que leva a humanidade para frente. Aparece uma dificuldade e imediatamente vários desbravadores começam a testar soluções para ultrapassá-la. Como os combustíveis fósseis não durarão para sempre, testes e mais testes surgem para continuar a dar mobilidade aos automóveis sem depender de gasolina ou diesel.

Várias são as experiências. O carro híbrido, uma mistura de motores a gasolina e elétrico, já se tornou corriqueiro em países como os Estados Unidos e o Japão. Para se popularizar ainda mais, só falta o preço das baterias cair ao ponto do custo dos carros ser o mesmo de seus primos à combustão. O Brasil tem sido responsável pela maior e mais bem sucedida experiência de combustível renovável, com o aparecimento do motor flexível e sua capacidade de funcionar a base de álcool. Outras idéias, porém, por enquanto não se provaram eficientes, como as células de combustível a hidrogênio, que tem custos proibitivos.

Fantástico foi o pensamento de Shai Agassi, um israelense que criou a Fundação Better Place. Ao invés das pessoas recarregarem as baterias de seus carros elétricos, elas parariam em postos e as trocariam em menos de um minuto por outras já recarregadas. Que ficariam lá sendo reabastecidas para serem usadas por outros. Você compraria o carro e o direito de trocar a bateria sempre que necessário. O projeto já está sendo estudado por mais de 25 países e tem tudo para revolucionar a indústria dos veículos elétricos.

Importante lembrar que as montadoras não estão na indústria dos carros a gasolina, a diesel, ou a álcool. Elas estão na indústria da mobilidade, do transporte, do deslocamento. Elétrico, à combustão, nuclear, não importa a forma de fazer o motor funcionar. Importa lembrar que o consumidor irá comprar o modelo que aliar facilidade no reabastecimento com baixo custo. Resolvida essa equação, o mercado terá encontrado um substituto para a charrete sem cavalos atual.

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