sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Autoshow 8: Dirigir e cantar, é só começar

Os peixinhos apareciam na tela e a música disparava “Let’s fool around and find a new emotion...” (Vamos passear e encontrar uma nova emoção). Pronto. De um dia para o outro, por causa da melodia e de um peixe que chorava, o Palio Weekend caiu no gosto do povo. As crianças queriam ir às concessionárias conhecê-lo de perto. Assim, uma música ajudou a desbancar a Parati da liderança de mercado.

Não tem como negar. Num país musical como o Brasil, a publicidade automotiva sempre flertou com sons, conhecidos ou inéditos, para dar um empurrãozinho nas vendas. E o que não faltam são exemplos. Qualquer que seja a montadora, dá para fazer CD’s de sucesso somente com os hits utilizados nos comerciais.

Os mais antigos se lembram. Para a Chevrolet, Zé Rodrix criou um dos mais famosos sucessos brasileiros. Cantava “É no silêncio de um Chevrolet que meu coração bate mais alto” e fazia aumentar as vendas do Chevette e Opala naqueles anos. Mais recentemente, a Nissan ousou ao lançar o Sentra com um falso grupo cantando “Não tem cara de tiozão, mas acelerou meu coração”. Em ambos os exemplos, as músicas foram especialmente criadas para as montadoras, formato conhecido como jingle. Mas mesmo as músicas de cantores famosos emolduram os lançamentos automotivos.

Os Beatles ajudaram a Chevrolet, autorizando o uso de “With a little help from my friends” (Com uma pequena ajuda de meus amigos) num comercial da marca. E voltaram às paradas de sucesso com “Ob-la-di, ob-la-da” no lançamento do Fiat 500. Madonna foi ouvida no comercial do Dobló, cantando “Like a virgin” (Como uma virgem). E os funcionários da Ford, usando a canção dos The Turtles, declararam estar “Happy together” (Felizes juntos) com o novo Focus. Cantando em português, os Engenheiros do Hawaii explicaram que comprar seminovos na rede Chevrolet trazia “Segurança”. Arnaldo Antunes ajudou a Livina X-Gear a dizer que agora tudo pode, com a música “Pequeno cidadão”.

Até mesmo o varejo é motivo para se cantar as vantagens das marcas. Fiat já usou Bate Coração, sucesso da Elba Ramalho. Mas nada que se assemelhe a todos os sucessos usados anos a fio pela GM, agora representado por Jorge Bem Jor e seu “Eu sou o Sol”. O mesmo Bem Jor que havia cantado para a Volkswagen “Umbabarauma, homem gol”. Montadora, inclusive, que usa hoje o comediante Marcelo Adnet para criar jingles regionais para o varejo de sua rede.

Poderia ficar enumerando mais e mais comerciais musicados, tanta é a diversidade de modelos embalados por cantores nacionais e internacionais. Porém, o mais importante é perceber a existência de uma forte ligação entre sons e automóveis. Ela vem de uma característica comum aos dois, nos fazem viver momentos de prazer. E talvez seja isso que os publicitários busquem: transferir o prazer das músicas para os modelos que as embalam. Do meu lado aqui, fico cantando “bi-bi, quero buzinar meu calhambeque”, enquanto dirijo o meu carro. Bye-Bye.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Da série Novas linguagens de comunicação V

Em dois dias este vídeo virou post em 1.043 blogs e teve mais de 1,5 milhão de views. O impressionante é que não é nem um pouco criativo, no sentido mais puro da palavra. Não inova na linguagem, é a refilmagem de uma música dos anos 70, e nos traz personagens mais do que conhecidos. É uma lição: para se tornar um viral, um vídeo precisa, mais do que ter inovação, gerar uma reação emocional profunda.

Impossível não assistir até o final os Muppets. Que o diga os mais de 2.100 tweets que essa paródia gerou.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Telefone fixo: o que fazer com este trambolho

Acho que todo mundo já passou por isso. Está sentado no escritório, em frente ao telefone fixo, precisa fazer uma ligação e, automaticamente, pega o celular. Numa conta simples, este ato custa de 5 a 10 vezes mais caro, diferença entre o minuto de fixo para fixo e de celular para fixo. Mas por que a gente acaba desperdiçando dinheiro dessa forma?

Telefone  antigo

Não sei a resposta, mas arrisco dizer que as empresas de telefonia fixa ajudam bastante a criar um buraco entre o charme dos celulares e a burocracia dos telefones fixos.

Não vou nem entrar na questão mobilidade. Se você for como eu, terá horas que estará parado na sua mesa, ou na sua casa, nas quais a mobilidade é menos importante. E nem a desculpa de ter de ficar parado num mesmo cômodo é válida, pois você pode ter um telefone fixo sem fio.

Só que os aparelhos fixos viraram objetos pré-históricos, de um dia para outro, com o rápido desenvolvimento dos celulares. Impressionantemente, o telefone fixo só serve para isto, telefonar, o que diminui o número de vezes que você se lembra dele. Nem para o e-mail ele serve, já que no escritório você tem um computador ao lado dele, aliás muito mais útil.

E mesmo na praticidade, eles ficaram para trás. Você precisa ligar para alguém? No celular você procura o nome na lista de telefones salvos, seleciona e aperta a tecla de send. Pronto! Nem isso o fixo faz direito. Alguns guardam poucos números, como os celulares faziam a 10 anos atrás. Mas nem sistema de busca eles tem. Você tem que saber o número de cor, ou buscar nas suas listas de contato.

Talvez uma solução estivesse em termos aparelhos fixos inteligentes, com muitos dos recursos dos atuais celulares. Isso poderia ajudar. Mas creio que as empresas de telefonia fixa já perderam a guerra e não existe volta para elas. O velho e pouco prático fixo é um fóssil vivo nas nossas vidas. Deve seguir para o mesmo cemitério que os aparelhos de fax já foram. Suas empresas estão correndo a toda para inventarem novas utilidades para as estruturas instaladas. A transmissão de dados é hoje sua bóia de salvação. Mas mesmo isso pode deixar de ser realidade, quando o custo de transmissão via celular passar a ter um preço compatível.

Resta a pergunta: o que fazer com o aparelho? Jogar fora é a solução, pois nem como peso de appel os novos aparelhos servem. E assumir de vez que o celular é o futuro da comunicação.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Google através do Google

A Google é a empresa que melhor se utiliza de seus recursos para divulgar seus próprios recursos. A antecipação de seus futuros produtos através de vídeos no Youtube é até covardia.

Primeiro, a indústria de informática inventou as versões Beta, na qual o consumidor ajuda a consertar os problemas dos programas e ainda fica feliz por isso (já pensou você comprar um carro versão Beta? Você vira a direção, ele vai reto, você manda uma mensagem para o fabricante feliz por estar colaborando com a melhoria do produto?). Agora, o Youtube  virou campo de divulgação de teaser da Google para tudo o que está bolando.

Eles irão lançar o Google Wave e já haviam divulgado diversos vídeos explicando como irá funcionar. Um deles, você vê aqui embaixo.

Agora começam a nos massacrar com os vídeos do sistema operacional Google Chrome. E o pior, de uma forma tão didádica e interessante que a gente fica ansioso por botar as mãos na novidade.

O melhor de tudo é que a linguagem é super moderna e inovadora. Talvez isso tudo explique porque eles se tornaram uma potência com tão pouco dinheiro investido em publicidade. Quem precisa dela, quando se tem um boca a boca virtual tão eficaz?

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Microsoft faz seu próprio Flash Mob II

Ontem escrevi sobre o Flash Mob que os funcionários de uma Microsoft Store fizeram. Camila Reis, minha ex-aluna na ESPM e menina esperta, colocou um comentário que me deixou o dia inteiro pensando. Argumentou que o Flash Mob da Microsoft é FAIL total, como ela mesmo escreve. E elogia a iniciativa do Trident, o outro vídeo que postei ontem.

Tenho que confessar que num primeiro momento concordei completamente com ela. Mas ficou uma pulginha atrás da minha orelha que não conseguia descobrir o que era. Aí, de um estalo, consegui entender meu desconforto.

Primeiro ponto que tenho que destacar é a característica da internet da liberdade total. Qualquer um coloca o que quiser ali, sem censura prévia (fora os países, como a China ou Irã, que censuram as URL’s e não os conteúdos).

Segundo, que é da cultura americana dançarem nas festas e boates com uma mesma coreografia, mesmo sem se conhecerem uns aos outros. Quem já foi aos EUA já viu isso acontecer: começa a tocar uma música e de repente, como num passe de mágica, todos estão dançando juntos, como se fosse tudo ensaiado.

Por último, me veio à mente que o vídeo do Trident mostra um trabalho profissional, ensaiado à exaustão, filmado profissionalmente por diversas câmeras, contra uma filmagem ruim que parece ter sido feita num celular.

Aí cheguei a uma conclusão: gosto das duas iniciativas. A do Trident é uma ótima jogada de marketing. Parabéns, pois virou viral pelas suas qualidades. A da Microsoft, gosto o dobro. Com certeza alguém na loja sugeriu quebrar o clima sério, fazendo uma performance. E a turma topou. Alguém filmou e colocou na internet. E virou viral também.

E por que gosto o dobro? Porque é muito difícil ver coisas diferentes e divertidas acontecendo nas lojas. Numa época em que muitos falam do marketing da experiência, que precisamos criar um ambiente diferente nas nossas lojas, o que a gente vê é muito do mesmo.

Eu adoraria ter topado com essa ação na loja da Microsoft. Sairia de lá com uma lembrança, mais do que simplesmente com um produto. É. A Microsoft tem muito a ensinar…

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Microsoft faz seu próprio Flash Mob

Tá bem. Microsoft está tentando se modernizar. Até lançou sua loja própria, a la Apple Store. Agora é a vez de criar seu próprio Flash Mob. Sabe? Aquele lance de todo mundo, como por milagre, começar a fazer as coisas sincronizadas, para desespero de todos aqueles que não sabem o que está acontecendo.

De repente, toda a equipe da loja passa a dançar a mesma música. E vira um show para os clientes presentes. O mais interessante é que todos param para ver e, de repente, alguns até aceitam dançar junto com os vendedores. Reparem no carequinha eno final e sua cara de felicidade. Fiquei na dúvida se não era o próprio Steve Balmer, presidente da empresa.

Aproveitando o lance, outro vídeo. Esse da Trident, para uma versão de sua goma de mascar que mistura o sabor das frutas. Pode ter sido uma única vez. Importante perceber que virou viral na internet. Microsoft ainda tem o que aprender…

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Da série Novas linguagens de comunicação IV

Toby Turner é um comediante americano. Faz stand-comedies, aquele tipo de comédia muito apreciada nos Estados Unidos em que o comediante só se utiliza de um microfone para fazer graça.

Pois bem, ele conseguiu fazer um vídeo interessantíssimo. É um metavídeo, ou seja, um vídeo que usa das técnicas de vídeo para falar das técnicas de vídeo. E ficou impressionante, além de muito engraçado.

Para quem mexe com comunicação, vale muito a pena dar uma conferida. PAra quem não mexe, vale pelo humor.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Autoshow 7: A incrivelmente boa idéia do IPI Verde

Tem certas idéias que depois de criadas parecem óbvias. A gente pensa: Por que não foi feito isso antes? E normalmente não conseguimos encontrar uma boa resposta. Lançada esta semana, a proposta do ministro Miguel Jorge de reduzir o IPI dos carros mais econômicos é uma dessa idéias. Numa época de preocupações ecológicas, premiar as montadoras que se debruçaram sobre o tema é uma iniciativa que permite melhorar o ar das cidades, diminuir a dependência de combustíveis fósseis e valorizar o pensamento ecologicamente correto.

selo-procel

No início dos anos 90, a pressão das montadoras para a diminuição do IPI foi aplacada pelo governo com faixas de impostos diferentes relacionadas à potência dos motores. Surgia a classe dos carros populares, aqueles com motor de até mil cilindradas. Era uma época em que as preocupações ecológicas já despontavam, mas não eram suficientemente fortes para mudar a decisão de consumidores. Criar faixas por cilindrada talvez já fosse uma semente da idéia de premiar os carros mais econômicos com menos impostos, mas poluição ou eficiência naquele momento não eram as razões mais importantes.

Agora surge o Imposto Verde. Já em funcionamento em eletrodomésticos, para ser aplicado aos automóveis necessita da formalização dos seus níveis de eficiência energética. Confuso? Deixe-me esclarecer. Fogões e geladeiras são, há anos, classificados de A a E pelo Procel, órgão governamental, de acordo com o menor ou maior consumo de energia. Você já viu o selo nas lojas. Aquele com várias setas e letras, de verde a vermelho. A partir de 2008, o mesmo conceito passou a ser utilizado nos carros, só que a participação das montadoras se deu de forma voluntária. Somente 31 carros foram analisados.

Para que o imposto seja aplicado, o teste precisa ser feito de forma sistemática nos mais de 450 modelos vendidos no Brasil, nacionais e importados. Isso demanda tempo. Hoje, por exemplo, o Honda Fit 1.4 pagaria menos imposto do que o Celta 1.0, por ser classificado pelo Inmetro no mesmo segmento e ser mais eficiente.

Mas não se engane quem acredita que o perfil de vendas de automóveis no Brasil mudaria radicalmente de um dia para o outro. Modificados os critérios de taxação, imediatamente as prioridades no desenvolvimento também seriam atualizadas. Assim, no lugar da busca por melhores desempenhos dos motores 1.0, as principais montadoras direcionariam seus esforços para a economia. E teríamos novamente um perfil de maior cilindrada/maior imposto. Com honrosas exceções.

De toda forma, apesar das dificuldades de implantação, a proposta é brilhante. Eleva o Brasil ao nível das iniciativas como as da Califórnia, nos Estados Unidos, e da Inglaterra, que já tem incentivos para automóveis mais econômicos. E permite que a população passe a contribuir ainda mais com a questão ambiental. Quem sabe nosso próximo passo é começar a sonhar com os carros elétricos? Agora é esperar para ver.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Coca-Cola versus Pepsi: a guerra na publicidade

No domingo postei sobre Gatorade e água de coco. Fechei o post falando da Pepsico, dona das marcas Gatorade e Kero-Coco, e sua estratégia de liderar todos os mercados de bebidas não carbonatadas. Isso versus a estratégia da Coca-Cola, que sempre se apoiou no refrigerante de mesmo nome e passou um mal bocado quando as pessoas passaram a consumir mais água e sucos, buscando uma vida mais saudável.

As duas continuam suas batalhas, mas me lembrei e resolvi colocar aqui comerciais históricos da eterna briga Coca versus Pepsi. Sempre a Pepsi provocou a concorrente. Que, inteligentemente, poucas vezes respondeu.

Separei seis comerciais. Valem a pena. Observe que os três últimos são especiais. O “They changed my Coke” foi lançado quando a Coca lançou a New Coke, mudando sua famosa formulação. O “Archaelogy” brinca, assim como o “Back in time”, com um futuro em que a Coca não existiria mais. E o da Araldite fala no fim da guerra das colas, num comercial que nunca foi exposto na tv brasileira. Somente no Festival de Cannes.

Espero comentários.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Autoshow 6: Recall, a maior ferramenta de marketing das montadoras

Existe uma crença popular de que as montadoras evitam a todo custo fazer os famigerados recalls. Pode até ser doloroso, caro, angustiante. Mas as grandes fabricantes já descobriram que eles podem ser uma ferramenta positiva de marketing, se bem utilizados.

recall

Não me entenda mal. Mas é que já trabalhei numa das grandes montadoras brasileiras e o primeiro recall a gente nunca esquece. Num certo dia, o diretor geral me chamou e disse: Precisamos entrar no ar com uma chamada de recall amanhã, no máximo! Quem trabalha com propaganda, facilmente irá entender meu desespero. Você não consegue, em 24 horas, estar com um comercial nas emissoras brasileiras. A não ser que...

Pois é. Naquele dia aprendi a importância de um recall. Tiramos uma campanha do ar e a substituímos por uma chamada para que os clientes comparecessem à concessionária mais próxima. E a frase final do comercial, que citava o respeito ao consumidor, dizia e diz muito para mim até hoje.

Não podemos nos esquecer que é quase impossível não ter problemas numa linha de produção. Não somente de automóveis, mas de qualquer tipo de produto que enfrente essa forma de fabricação. No caso da indústria automotiva, são vários os fatores que contribuem para isso, desde a complexidade do produto, formado por milhares de peças, até o processo em si, que gera diversas chances para que a lei de Murphy (Se alguma coisa pode dar errado, dará) se materialize.

Na maior parte das vezes, os recalls são gerados não por reclamações do consumidor, mas pelos próprios testes de qualidade que continuam a ser feitos nos carros que saem das fábricas. Há pouco tempo, uma das grandes montadoras fez um recall devido a um problema de má fixação do cinto de segurança. Ele surgiu porque o molde do fornecedor teve um desgaste, gerando o inconveniente. Interessante notar que a grande maioria dos carros com o problema não tinha nem três meses de mercado. Mas os testes de campo já indicavam a fadiga da peça. E o consumidor pode ser chamado antes mesmo dela se manifestar.

Qualquer montadora que preze sua imagem conhece os riscos inerentes de não assumir esse tipo de situação e tentar evitar um recall. É como um bumerangue. Você o joga para longe, pensando que se livrou, e ele volta com muito mais força, destruindo tudo que encontra pelo caminho: vendas, reputação e rentabilidade. É mais fácil tratá-la como uma bola de neve, resolvendo no nascedouro e evitando que ela cresça.

Um bom executivo da indústria considera o recall uma ferramenta de marketing tão importante quanto um novo modelo a ser lançado. E sabe que o consumidor também confia mais naquela montadora que não tem medo de corrigir, por si própria, seus próprios erros.

Aquelas que tentam esconder possíveis problemas, com essas não precisamos nos preocupar. O próprio mercado se incumbe de ensiná-las, tirando, pouco a pouco, as vendas de suas mãos. E fazendo com que o medo que elas tem do recall se concretize, eliminando-as do mercado.

domingo, 8 de novembro de 2009

Gatorade e Água de Coco: A guerra que não vai acontecer

Hoje eu fui andar de bicicleta no Parque do Ibirapuera. Domingo, tempo nublado, dia e clima perfeitos para um pouco de workout. Depois de voltas e voltas, resolvi parar para beber algo. Como, apesar do tempo nublado, o calor estava presente, os ambulantes estavam lotados. No lugar onde parei, como todos os demais vendedores, existe uma profusão de bebidas, mas prevalece o Gatorade e a água de coco.

Ambuilante no Ibirapuera

Fiquei na dúvida, mas como tenho bebido muita água de coco em casa, optei pelo Gatorade. Aí o diabinho do marketing que vive na minha cabeça perguntou: E os outros? As outras pessoas? O que elas pedem? Fiz a pergunta para a ambulante e a resposta foi uma pesquisa de mercado gratuita:

“Olha, sai mais água de coco do que Gatorade. O povo que anda prefere a água. Gatorade é mais para os que fazem esporte ou andam de bicicleta” Taí, uma informação gratuita que a gente precisa, normalmente, gastar milhares de reais para descobrir.

Lógico que minha próxima pergunta foi o preço, já que poderia ser essa a razão. Que nada, o preço é igual, quatro reais por uma garrafinha de meio litro. Preço aliás, salgado. É o custo da conveniência.

Passei o resto do passeio pensando a respeito dos dois isotônicos. Gatorade, desenvolvido, em 1965, pela Universidade da Flórida e batizado devido ao time da cidade, o Flórida Gators. Se tornou um sucesso mundial a partir da vitória do time no final da Orange Bowl (o Superbowl dos times das universidades). E a água de coco, que passou a ser vendida, em 1995, em embalagem longa vida a partir da iniciativa de um ex-engarrafador mineiro de Coca-Cola.

Seria uma briga de mercado interessante, pois a água de coco pode se posicionar como um isotônico natural e, com isso, tomar o mercado do Gatorade entre as pessoas que buscam se livrar de produtos artificiais. Seria, pois a partir deste ano os dois produtos passaram a pertencer à mesma empresa. Em 2000, foi a vez da Pepsico comprar a Quaker, fabricante de Gatorade. E no último mês de agosto, a vez da Amacoco, fabricante de Kero-Coco e Tropicoco, se juntar à multinacional de bebidas.

kero-coco_canudo

Agora, o resto será história. A chance de Kero-Coco virar uma marca internacional é muito grande. Talvez seja mais uma força para fazer da Pepsico uma empresa maior que a Coca-Cola. É viver e ver.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Flexible OLED: O cumputador se torna flexível

A Samsung já lançou no Brasil a TV com tela de OLED. Com telas de 40 e 55 polegadas, tem 3 centímetros de espessura, e imagem de gente grande. A tecnologia, criada pela joint venture que ela tem com a Sony, permite o emagrecimento de televisores e laptops. Mas isso é brincadeira, comparado com o que é possível fazer com esse tipo de tela.

As duas já estão começando a divulgar na internet seus primeiros vídeos de aplicação da mesma. E a principal característica é a flexibilidade, que tornará possível menores e mais duráveis celulares e computadores.

Uma empresa da Alemanha, a Orkin Design, desenhou um primeiro laptop flexível, junto com a Sony. Seu vídeo é impressionante, pois o equipamento pode ser utilizado como uma TV ou Tablet PC.

Não creio que essa seja a versão a alcançar o mercado. Até porque seu formato não é muito prático. Mas que estamos nos aproximando do momento de termos uma nova revolução nesse equipamento, disso você pode ter certeza.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Propaganda quando é boa é boa mesma VI

Estreou esta semana o novo comercial do Itaú Personnalité. Utiliza-se, pela primeira vez no Brasil, da técnica tilt-shift, criada por Keith Loutit. Em abril, previ que rapidamente ela chegaria à publicidade brasileira. Chegou.

A técnica já é fantástica. O uso pela DPZ, melhor ainda.

Clique na imagem e veja o comercial. Com direito a making of. Comercial Itaú Personnalité

Leia também: Novas linguagens de comunicação.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

AutoShow 5: Uma paixão que desconhece o conforto

Imagine comprar um carro por 290 dólares em 1925, rodar por 84 anos e, depois, revendê-lo por 32 mil dólares. Parece loucura? Pois esse é o preço de um Ford T anunciado na internet esta semana. É para se pensar. Se é verdade que um carro se desvaloriza só de sair da concessionária, qual é a mágica para um modelo sem direção hidráulica, sem ar-condicionado, sem rádio, sem nenhum dos confortos atuais, se valorizar tanto? Resposta? O Antigomobilismo.

1925 Ford Model T coupe

Alguns colecionam quadros. Outros preferem dedicar tempo a apreciar vinhos. Também existem os que buscam prazer em esportes. Um fanático por veículos antigos reúne as qualidades de todos os tipos de hobby. Um antigomobilista é aquele que aprecia a arte representada pelos carros de época. Com isso, ajuda a conservar parte da história deste que é um dos maiores inventos do ser humano.

O mundo começou a ficar realmente pequeno quando os primeiros carros permitiram atravessar rapidamente enormes distâncias, sem precisar parar para descansar os cavalos. A liberdade passou a ser limitada pelo alcance do tanque de combustível. Ou pela rede de postos de abastecimento. Criadas as condições do desenvolvimento, o resto é história. Aos poucos os carros passaram a significar status e a refletir a moda do momento. Essa evolução o colecionador de carros antigos ajuda a preservar.

É interessante de se perceber que um antigomobilista não é uma pessoa egoísta. Muito antes pelo contrário. Um dos maiores prazeres é compartilhar seu bem com as pessoas. O número de eventos públicos de carros antigos demonstra bem isso. Além do prazer em ficar horas e horas falando de características técnicas, discutindo o mercado passado, as versões existentes, todo tipo de detalhe que mostra o que era ter um carro nos anos em que a gasolina custava centavos.

Lógico que existem tipos e tipos de colecionadores. Há aqueles que tem coleção de um único modelo. Outros, colecionam por ano. Também há os que preferem se dedicar a um tipo de carroceria, ou fábrica. Existem até mesmo os que compram um só carro e dedicam todos os seus momentos de lazer a restaurá-lo centímetro por centímetro.

De toda forma, colecionar carro antigo é uma das melhores formas de prazer que conheço. Não me lembro de nenhum colecionador que não tenha um brilho especial nos olhos quando fala dos seus “filhos”. Não é para menos. Utilizar seus momentos de lazer e se dedicar a um hobby que valoriza acima da inflação? É, no mínimo, um bom negócio. Emocional e financeiro.

Poucos bens materiais tem sua história tão bem preservada. A gente não vê nenhum clube da geladeira se reunindo. Nem existe a associação dos proprietários de fax machines. Talvez, o que se veja no futuro, seja a história da humanidade contada através dos seus meios de locomoção. E o sucesso dessa preservação se deverá a uns poucos apaixonados, que preferem rodar num modelo centenário que num moderníssimo carro zero quilômetro.

 
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