segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Autoshow 9: Em automóvel, luxo é status

À medida que as notícias vão sendo divulgadas, perece fácil vender carros de luxo. Todas as montadoras que comercializam esse tipo de automóvel reportaram crescimento em 2009, ano que começou com o estigma da crise. Mesmo aquelas que ainda não se instalaram no Brasil, divulgam seus planos de comercializarem por aqui seus produtos. Nosso país, acostumado a ser o país dos carros populares, passou a ser referência no mercado dos ultracarros.

Mas onde está a linha de corte entre um carro normal e um de luxo? Qual carro é mais considerado “de luxo”? Um Volkswagen ou um BMW? Se pensarmos somente em preço, um Passat a 119 mil reais seria mais luxuoso do que um BMW Série 1 a 95 mil. Porém, em termos de status, mesmo sendo mais barato, o alemão da BMW é mais considerado que o alemão da Volks.

Aliás, é interessante perceber os sinais passados nos detalhes. É muito diferente chegar numa roda de amigos e dizer “comprei uma Mercedes”. O próprio nome remete a um mundo de pequenos mimos que lhe diferencia dos demais mortais. E veja a chave de um carro de luxo. Sempre vistosa, funciona como uma extensão do próprio carro, em termos de transmitir a imagem de alguém que conseguiu chegar ao topo.

Talvez o marketing seja um dos principais ingredientes disso que chamamos mercado de luxo. A percepção de que as pessoas não querem ser consideradas iguais, de que elas pagam por sinais externos de sucesso, é muito bem utilizado pelos departamentos de produto e marketing para desenvolver automóveis que, mesmo entregando o mesmo resultado, o transporte de um local para outro, agregam vários valores subjetivos que fazem com que as pessoas abram os bolsos e gastem mais.

Importante notar que existem mercados e mercados nesse segmento. Um Mini a R$ 86 mil atende a um nível de consumidor diverso de um Jaguar XKR a R$ 489 mil, ou uma Ferrari 612 a dois milhões e meio de reais. São todos considerados carros de luxo, mas o tamanho dos bolsos e as necessidades psicológicas atendidas completamente diferentes.

O que os torna igual é a dificuldade em alcançar esse público alvo. Quem compra um carro nessa faixa de valor não se convence com um simples comercial de televisão. Isso não é suficiente para criar a imagem de luxo. É mais importante o boca a boca, resultado de ações direcionadas, como a pessoa certa, influente, ao volante do modelo, o patrocínio do evento correto, a matéria do veículo em revistas de estilo de vida. Tudo conta para ajudar a subir o status de um modelo frente a outro.

Apesar da euforia, esse é um mercado muito difícil. Num país de dimensões continentais, a montadora tem de pesar onde investir para conquistar esses prováveis consumidores, sob o risco de gastar o dinheiro sem atingir o público alvo. Mas o Brasil tem evoluído muito no segmento de carros de luxo. Será cada vez mais fácil cruzar com modelos que são verdadeiras jóias nas ruas. Transportando pessoas, mas principalmente transmitindo os sinais de status pelos quais seu proprietário pagou.

Nenhum comentário:

 
Locations of visitors to this page