terça-feira, 27 de outubro de 2009

Autoshow 4: Personalize seu carro e mostre quem você é

Em 1914, Henry Ford disse uma frase que mostrou o quanto o mercado automotivo estava na sua infância: O cliente pode ter o carro na cor que quiser desde que seja preto. Diferentemente do que muitos pensam, suas razões eram nobres. O preto secava mais rápido, mais de acordo com as necessidades da produção em massa. Foi essa preocupação excessiva com a fabricação que lhe fez perder a liderança para a concorrente. General Motors entendeu melhor os desejos dos consumidores e passou a fazer carros vermelhos, amarelos, verdes, azuis e até pretos!

Quase cem anos depois vivemos o mundo da personalização total. Dentro dela, o tuning é a mais radical forma de expressão. Se no começo do século XX ter um carro preto era o suficiente para se destacar na multidão, muitas vezes hoje somente a cor não garante que você encontre seu carro dentro dos estacionamentos abarrotados dos shopping centers. Quem nunca confundiu seu carro numa garagem qualquer, que atire a primeira pedra.

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Mas qual a razão pela qual o tuning virou uma febre mundial? Por que muitas vezes alguém se predispõe a gastar mais com equipamentos do que com o próprio carro? Talvez a resposta esteja no que o automóvel represente para seus donos.

Poucos objetos são tão representativos da personalidade dos proprietários. Poucos tem o poder de transferir imagem para quem os possui. Pense um pouco: você até classifica uma pessoa pelas roupas que veste, mas ainda assim se vestir é mais democrático do que possuir um automóvel. É impossível comparar o dono de um Rolls-Royce com um de uma Ferrari. Mesmo custando milhares de dólares, a imagem transmitida por cada um dos modelos é completamente diferente.

Agora, como ficamos nós, donos de carros comuns, fabricados aos milhares? Como a gente pode se sentir diferenciado? Esse é o papel da personalização. Tornar palpável a noção de sermos únicos no universo. É como a gente se expõe aos demais, mostrando ao mundo quem somos. Desde o som, que parece deixar qualquer um surdo, mas que inclui o proprietário numa tribo específica. Ou o turbo, que permite uma arrancada mais esperta. Até mesmo a pintura rosa, clara insinuação de feminilidade a la Penélope Charmosa.

Algumas montadoras já perceberam ser essa individualização uma extensão da personalidade de quem compra um carro. A Scion, divisão jovem da Toyota nos Estados Unidos, por exemplo, possibilita a personalização na linha de montagem. Sabe que o jovem é o maior comprador do conceito, pois cresceu tunando seus carros nos jogos de videogame.

Num mundo cada vez mais competitivo, personalizar transformou-se numa fonte de renda extra para os fabricantes. Não é diferente no Brasil. Aquilo que começou discretamente, com uns poucos malucos que viravam de cabeça para baixo seus bólidos, começa a se tornar um negócio altamente lucrativo. Quem sabe daqui a pouco a gente não passe a comprar a personalização e ganhe o carro de graça? Aí sim será o ápice dessa nova tendência.

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