quinta-feira, 5 de março de 2009

O BBB é uma aula de marketing

Terça foi dia de paredão no BBB. 64% dos mais de 35 milhões de votos tiraram o Ralf da disputa pelo prêmio final. Até aí, tudo bem, normal do jogo. O que chama a atenção é como todos os portais erraram o percentual de votos dados a cada um dos dois emparedados.

Terra e Uol deram como eliminada a participante Ana, com 53 e 52%, respectivamente. Isso, com mais de 2 milhões de votos no Terra e 850 mil no Uol.

BBB 03 03 09 IG 

Quem mais se aproximou do resultado real foi o portal IG que, com apenas 360 mil votos deu a eliminação do Ralf com 52%. Um erro de 12%, o que supera, e muito, as margens de erro normalmente aceitas.

Mas por que isso é uma aula de marketing? Simples. Comparando a origem dos três provedores, podemos afirmar que o IG tem um perfil mais popular que os demais, já que ele foi o primeiro portal gratuito brasileiro.

Enquanto Uol e Terra travavam uma guerra pelo acesso pago, IG foi criado em 2000 para ser a primeira opção gratuita de acesso à Internet no Brasil. Repetia aqui uma fórmula que vários países tinham adotado.

É bem provável que essa sua origem tenha refletido num perfil mais parecido com a distribuição sócio-econômica brasileira. O seu caráter gratuito permitia a inclusão de uma classe social que não dispunha de recursos para pagar pelos seus concorrentes. Somente uma explicação como essa para entender o seu acerto na votação frente aos demais portais.

E onde entra o marketing nisso? Se considerarmos essa teoria um fato, podemos concluir que o acesso à internet no Brasil está longe de refletir o perfil dos brasileiros, hoje com uma concentração de 50 % nas classes mais abastadas. O crescimento da classe C nesse meio é óbvio, mas ainda existe um longo caminho a ser percorrido, quando se fala de inclusão digital. O BBB, permitindo que a votação se faça por outros meios, como o telefone, cria uma oportunidade de participação de analfabetos digitais.

Esse é um ponto que precisa ser observado com atenção. E iniciativas como a entrada das Casas Bahia no mundo virtual podem nos fornecer melhores detalhes sobre esse movimento num futuro próximo. O risco, como todo profissional de marketing sabe, é nos apaixonarmos pelo novo meio que está surgindo e esquecermos que a realidade é um pouco diferente.

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