domingo, 24 de janeiro de 2010

Autoshow 11: O mundo está de cabeça para baixo

Aqueles que me lêem com frequência sabem que desde outubro do ano passado tenho escrito sobre o mercado automotivo no jornal gratuito Autoshow e republicado aqui as colunas. Depois de quatro meses de colaboração, pedi à editora que possa interrromper a série por um tempo. Passei a atuar numa montadora e ficaria muito difícil poder falar de meus concorrentes nos meus textos. Se elogiar, pode parecer estranho. Se criticar, parecerá inveja. E se usar exemplos internos parecerá propaganda própria.

Talvez volte, com uma abordagem mais genérica. Por enquanto, fique com esta que foi a última coluna publicada. Ah! Os demais temas de marketing continuarei a postar por aqui.

 

Um foi criado no começo do século passado, no ano de 1907. O outro está na sua décima edição. Um representa as antigas líderes da indústria. O outro representa as tendências do mercado. Estamos falando dos Salões do Automóvel de Detroit e da Índia. Nunca um contraste foi tão claro entre o que representa o passado e o futuro de uma mesma indústria.

Detroit é, e sempre será, a terra de origem da indústria automobilística. Foi lá que floresceu a General Motors, Ford e Chrysler, que dominaram sozinhas por várias décadas. Seu salão nunca foi verdadeiramente mundial, pois o mercado americano sempre foi tão importante que as marcas direcionavam seus lançamentos para o gosto local. Mas não tinha como não prestar atenção ao que acontecia. Todas as tendências de cor, equipamentos e novas tecnologias surgiam ali e rapidamente se difundiam pelo mundo afora.

Nova Deli surgiu no mapa mundial a partir do lançamento do Tata Nano, em 2008. Por maior que o mercado automotivo fosse, foi com a criação do carro mais barato do mundo que os especialistas e público em geral passaram a olhar atentamente para a Índia. Neste ano, a importância do salão é emblemática da mudança do cenário mundial. Aconteceram mais lançamentos no país do terceiro mundo do que na grande potência americana.

Não tem como não perceber esse novo direcionamento. Se nos anos 1990, as montadoras européias que partiram em busca de crescimento nos países emergentes perderam muito dinheiro, pois o crescimento planejado não veio, desta vez parece que os emergentes estão maduros. A liderança em vendas da China é um sinal. O crescimento do mercado brasileiro, outro.

Mas não podemos nos iludir pensando que Detroit está morta. Ainda tem muito caldo a ser tirado no mercado americano. A crise vai passar, as vendas vão voltar e o salão vai recuperar seu prestígio. Como herança, os tamanhos dos automóveis americanos nunca mais serão os mesmos. O downsize é definitivo. E a preocupação com soluções alternativas de combustível também veio para ficar.

Segundo semestre teremos o Salão do Automóvel de São Paulo. Em todos os segmentos o Brasil virou a bola da vez. Precisamos nos preparar para ver o que nos reservam as montadoras. A vocação para produção de carros pequenos tem gerado soluções inteligentes. E o álcool já deixou de ser uma promessa e é uma realidade em nosso país. Falta agora assumirmos o papel que nos cabe no cenário mundial, como lançadores de tendências.

Em outubro vamos ver qual o papel que o mercado mundial nos reserva.

Um comentário:

Pio Borges disse...

Parabéns Carlos Murilo!
Você agora pode dizer que seu corpo se divide em cabeça, tronco, membros e quatro rodas.
Como consigo falar ao vivo com você?

Abraços

Pio Borges

 
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