Sexta-feira fui a um bar em Belo Horizonte e me espantei com um detalhe que vi. No banheiro masculino, encontrei um espaço preparado e reservado para deficientes físicos, ou portadores de necessidades especiais, como é politicamente correto dizer hoje em dia. Seria perfeito, não estivesse ele sido colocado ao final de uma escada. Eram doze degraus íngremes criando uma barreira entre o sonho do deficiente de ter uma vida normal e a realidade.
Não quero abordar o tema pelo lado humanitário e sim pelo lado de marketing. No Brasil, não existem estatísticas confiáveis sobre o número de deficientes físicos. Mas estima-se que chegue a dez por cento da população. Numa população de 183 milhões de habitantes, estaríamos dizendo que 18 milhões de brasileiros se enquadram nessa classificação.
Lógico que essas pessoas comem, bebem, respiram, tem desejos, vivem. O maior problema é que dentro de um mesmo balaio são colocados diversos tipos de ncessidades especiais: a cegueira, a paraplegia ou tetraplegia, a surdez e outras menos comuns. Cada uma gera uma necessidade de adaptação ao meio ambiente para que se possa atendê-los como consumidores.
Só que a lógica do mercado é muito simples. Quem não está verdadeiramente equipado perde mais até do que os dez por cento de população apontados na estatísticas. Usando novamente nosso bar, a decisão de um grupo de onde ir comer ou beber é fortemente influenciada pelo deficiente. Dessa forma, se um grupo de quatro, seis, dez pessoas resolve tomar um choppinho depois do trabalho, a escolha será feita considerando onde, por exemplo, um cadeirante pode ou não ir.
Ponto a favor de quem está verdadeiramente preparado para aceitá-los. Ponto contra de quem só se preparou para atender uma lei que exige o banheiro, mas não avalia a acessibilidade ao lugar.
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