Podemos afirmar que o superstar Michael Jackson será conhecido no futuro por dois feitos completamente diferentes: primeiro, o recorde de vendas de discos conseguido com Thriller. Seus mais de 100 milhões de cópias vendidas, de acordo com sua gravadora, nunca mais será batido. Principalmente porque a venda de músicas está migrando de álbuns para faixas, devido ao MP3 e à internet.
Segundo, porque sua morte será o marco da passagem do mundo offline para o online, do real para o virtual, quando nos referimos a como o mundo se informa e comunica. Em 1994, a morte de Ayrton Senna gerou uma comoção parecida à de Michael Jackson, mesmo que restrita ao Brasil. Todas as TV’s e rádios transmitiram a notícia por horas e horas. Mas nada se compara ao que houve agora com a morte do rei do pop. As pessoas não correram para ligar seus rádios, nem mudaram os canais de suas tv’s. O computador e o celular tomaram o lugar desses meios, provando que passamos a ser uma geração digital e proativa.
O Twitter foi a principal ferramenta de divulgação da novidade. Após o anúncio da morte, pelo site de fofocas TMZ.com, o número de tweets por segundo dobrou. O site saiu do ar, bem como o Google, por não terem dado conta do tráfego extra. O Youtube e a Last.fm foram os meios preferidos para se rever os clipes do artista. E todos os portais dedicaram páginas e páginas (ou vídeos e vídeos) à cobertura da sua carreira.
Lógico que as TV’s e rádios reagiram e fizeram suas homenagens. Bem como os jornais e revistas. Um pouco atrasados, e sempre de uma forma não participativa. Enquanto que a internet ficou coalhada de mensagens de milhares de fãs, os meios tradicionais ainda precisam aguardar os índices de audiência para saberem o quanto suas coberturas atingiram ou não o gosto dos ávidos por informação.
Um marco como este, a morte de um gênio, reforça a principal diferença entre o mundo que está se extingindo e o que está surgindo: o imediatismo. A internet está nos livrando das amarras dos horários fixos com que as televisões nos controlam. Não estou falando que as TV’s não tenham capacidade de entrar com notíciários de última hora para divulgar notícias extraordinárias. Mas só a internet nos permite abraçar a saudade do astro e vermos o que e quanto quisermos de sua carreira, sem que isso seja ditado por um diretor de produção. Ou nos aprofundarmos em assuntos que nos interessem, sem que tenhamos que esperar o horário do começo do noticiário.
Esse é o legado mais importante que a morte de Michael Jackson irá nos deixar. Como cantava Raul Seixas, benvindo ao século XXI!
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