Nem bem a Microsoft mostrou sua nova ferramenta de busca, o Bing (que já está sendo chamado de But It’s Not Google), e a Google reage e pré-lança o Wave. Pré-lança? Isso mesmo. A ferramenta só chega no final do ano, mas eles já divulgaram, em detalhes no evento Google I/O.
O evento em si é um encontro de desenvolvedores de ferramentas open protocol, para que eles possam conhecer melhor o que se passa no mundo Google e desenvolver produtos utilizando-se das facilidades da empresa. E pré-lançar o Wave no evento é garantir seu sucesso, pois permite que até a data do seu lançamento existam diversos programas prontos para lhe agregar utilidade. Só essa lição já valeria, para pensarmos como agregar conhecimento externos aos lançamentos de nossos produtos e serviços.
Ma o que realmente me chamou a atenção é a volta de um assunto que, em computação, é recorrente. Há quase 20 anos atrás, a tendência das grandes empresas era substituir seus computadores pessoais por pequenos terminais chamados burros e agregar capacidade computacional aos grandes servidores. Assim, as pessoas fariam seus trabalhos remotamente. Essa tendência foi deixada de lado, na medida em que os programas da Windows iam exigindo mais capacidade das máquinas e a mobilidade dos laptops demandava o trabalho ser feito na máquina do usuário.
Agora, voltamos à época dos grandes servidores e terminais burros. Não concorda? Pense então o que é a computação em nuvens. Toda a sua capacidade computacional é transferida para a internet e reside nas “nuvens” dos grandes servidores da Microsoft, da Google e outros. E o que é o fenômeno Netbook senão um laptop com menos capacidade e, portanto, mais burro?
O que me despertou para esse fato foram dois charts simples que Lars Rasmussen, um dos dois irmãos que estão desenvolvendo o Wave, mostrou na sua apresentação:
O mundo de Wave
Se você reparar, no mundo do e-mail, cada um dos computadores precisa ficar com uma cópia. É a sua caixa de entrada atual. No mundo de Wave, só uma cópia central, guardada num grande servidor, serve a todos. Vendo você até pensa: Mas não é assim que funciona o Gmail? Sim e não. A grande mudança do novo sistema é permitir que todo mundo, ao mesmo tempo, acesse o mesmo arquivo e o modifique simultaneamente. Parece uma zona. E é, para quem não tem convivido com Blogs, Twitters, Wikis e todas as parafernálias tecnológicas atuais. Para quem já tira de letra as novas tecnologias é um avanço e tanto. E assim será o futuro das relações profissionais (e pessoais).
A grande pergunta que não quer se calar é: O que essa nova forma de relacionamento, colaborativa, irá desencadear nas relações de trabalho num futuro próximo? Como será o desenvolvimento de um carro, por exemplo, das próximas gerações? Se até agora desenvolver um novo modelo era guardado a sete chaves, para evitar que os segredos fossem revelados aos concorrentes, o que esse exemplo da Google, que disponibilizou, na íntegra, um vídeo de uma hora e vinte minutos contando sua estratégia, irá significar na mudança dos paradigmas de desenvolvimento de novos produtos?
Não dá para assistir essas mudanças e não pensar nas suas consequências. De duas uma, ou a gente surfa na onda, ou o mar irá afogar as empresas que não se adequarem à nova realidade.
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