quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Infraero e a lingua portuguesa

Português é uma língua traiçoeira. Não é que no meu último post coloquei um pronome a mais e criei uma frase esquisita? Se você não reparou, não vai reparar mais, pois fiz a mudança e não deixei traços.

Mas, mais do que um erro, o jeito como escrevemos transmite nossas intenções mais profundas. Sabe aquelas pessoas que só se referem a si mesmo na terceira pessoa? Como se elas fossem um ente externo? Pois é. É um jeito de ver a vida completamente diferente daqueles que só falam no plural – nós isso, nós aquilo…

A Infraero, recentemente, lançou uma campanha de esclarecimentos chamada “Fique por dentro”. Parece-me que a idéia inicial é deixar claro quem faz o que e onde. Só que as placas colocadas no aeroporto de Congonhas parecem muito mais uma lavação de mãos do que um esclarecimento.

Fique por dentro

Numa delas a gente lê: A Infraero fornece os balcões para você fazer o check-in. O atendimento e a organização das filas ficam por conta das companhias aéreas. Todo mundo trabalha junto para você.

É algo como você entrar numa operadora de telefonia celular e ler: A Claro fornece o sinal para as ligações. O aparelho e a facilidade de discar os números ficam por conta da Motorola.

Não creio que a Claro, nem nenhuma das suas concorrentes, faria uma placa como essa. Todo consumidor sabe que o serviço total é o somatório das partes. Mas na hora do problema, todas são igualmente culpadas pelo mau serviço. Resta a empresa se cercar de ótimos fornecedores e exigir deles níveis de qualidade competentes com a imagem que se espera transmitir.

Problema maior é que, muitas vezes, escrevemos e não analisamos a repercussão do conteúdo sob a ótica de nossos clientes. E aí geramos novos problemas, de má interpretação. Realmente, nossa língua é traiçoeira…

Um comentário:

J. POVALA disse...

Senhor Murilo, não há nada de errado na placa mencionada. A Empresa somente está esclarecendo ao consumidor acerca da responsabilidade e competência de cada fornecedor de serviço no âmbito do Sistema de Aviação Civil. Se a operadora do aeroporto pudesse escolher seus "inquilinos" tudo fluiria melhor e não lhe seriam atribuidas tantas críticas, muitas delas infundadas. Parabéns pela iniciativa do blog.

 
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