sexta-feira, 25 de dezembro de 2009
Feliz Natal
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
A difícil arte de ser sincero: Preço em serviço
Fui almoçar com uma turma de amigos e, na saída, enquanto esperávamos os carros, fomos abordados por um velhinho, daqueles que vendem loterias para sobreviver. Sabe? Um daqueles vendedores de sonho, que se realmente tivessem o bilhete premiado na mão estariam ricos e não vendendo de esquina em esquina? Ele nos abordou e, tendo um dos presente se interessado pelo bilhete do ano novo, seguiu-se um diálogo mais ou menos assim:
-Quanto é?
- Dez reais.
- O quê? Mas aqui no bilhete está escrito seis…
- E eu vou ganhar o quê? Esse é o meu ganho.
Pronto. O marquetólogo de plantão acordou como por encanto. O que o velhinho estava vendendo era um serviço: o de não ter de sair do emprego, se dirigir à casa lotérica, gastar o tempo escolhendo os números mágicos, enfrentar fila, esperar os demais pagarem suas contas, apostar e voltar para o trabalho. Tudo isso por módicos quatro reais. Ou 67% de sobrepreço sobre o valor inicial.
Para ficar mais claro o que já está claro, é como você fazer pela internet sua compra de supermercado e pagar 67% a mais por todo o trabalho de selecionar e entregar na sua residência. Sabe aquele iogurte de R$ 1,18? Custaria R$ 1,97 pela conveniência. Dito assim, parece pouco. Mas na hora que vamos para a conta toda vira um tsunami. Se sua compra for de R$ 600,00, a conta vem de R$ 1.000,00. Entendeu?
Apesar do imenso ágio cobrado, o bilhete foi comprado. Os quatro reais são pouco, quando se considera o valor absoluto.
Mas realmente o que mais me chamou a atenção e que vale para todos nós que trabalhamos com marketing é a sinceridade do velhinho em declarar seus ganhos. Quantos de nós falaria para seu cliente abertamente quanto está ganhando num trabalho? Quantos teriam a coragem de assumir que sua margem é quase igual ao preço do serviço sem sentir algum tipo de vergonha?
A sinceridade do velhinho me impressionou. Se ele fosse o dono de uma empresa, me sentiria seguro em fazer negócios com ele. Sendo vendedor de loterias, só me resta torcer para que os números que ele nos vendeu sejam os corretos. Quem sabe assim ele não ganha um prêmio extra pela sorte que nos trouxe.
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
Autoshow 10: Que venham outras marolinhas
No final de 2008, quando, num discurso, o presidente Lula disse que a crise mundial no Brasil seria apenas uma marolinha, muita gente duvidou e comentou que ele não tinha noção do que vinha por aí. O que as pessoas não sabiam era da sua disposição em colocar toda a máquina estatal em favor de encontrar soluções que diminuíssem o impacto nas terras brasileiras. O mercado automotivo ganhou, naquele momento, seu presente de natal.
Com a redução do IPI, as projeções iniciais das montadoras de queda abrupta das vendas não se concretizaram. O que se viu foi um novo recorde, bastando dizer que 2009 será o melhor ano da história para a comercialização de automóveis. Dá até para dizer, imitando o próprio presidente, que nunca na história deste país se vendeu tanto como hoje em dia. Será batida, pela primeira vez, a marca de três milhões de veículos no mercado nacional.
Interessante notar a diferença entre o comportamento dos empresários e do povo em geral. Todos os veículos direcionados à produção, tais como caminhões, ônibus, tratores, tiveram queda em suas vendas. Os veículos de passeio, sozinhos, fizeram a mágica dos recordes. Os empresários e executivos se prepararam para o pior e adiaram a renovação de suas frotas, guardando seus dinheiros para o momento da recessão. E o povo em geral, vendo o preço dos carros cair e ficar mais convidativo, passou a consumir mais, como se não houvesse futuro. Foi como a fábula da formiga e a cigarra, só que ao contrário. Desta vez, a formiga que se prepara para o frio, viu a cigarra se dar bem, pois o tempo se manteve quente e não foi necessário parar de cantar.
Importante neste momento é perceber como o mercado automotivo se comporta em cima de percepções e não de fatos. Numa situação comum, o medo de perder o emprego no meio de uma crise levaria qualquer pessoa no mundo a adiar a troca do automóvel. No caso do Brasil, a possibilidade de se aproveitar o preço mais baixo, aliado a uma enxurrada de notícias positivas geradas pelo governo, fez com que os brasileiros saíssem a campo e comprassem seus sonhos de consumo na concessionária mais próxima.
2010 se inicia sob a perspectiva de um novo recorde de vendas e a preocupação de como se comportará o mercado sem a redução do IPI. As montadoras, a essa altura do campeonato, já tem suas projeções. Os anúncios de novos investimentos bilionários mostram que elas esperam anos de boas vendas à frente. E os soluços de mercado em 2009, nos meses de renovação do desconto do IPI, prova que, mesmo com as antecipações das compras pressionadas pelas mensagens de “Aproveite enquanto é tempo” e “Último mês”, o mercado brasileiro está maduro para garantir um volume constante e crescente de vendas.
Da minha parte, só tenho dois comentários a fazer: Que venham novas marolas, pois o resultado foi melhor do que qualquer um poderia imaginar. E que 2010 seja um ótimo ano para você, leitor. Boas festas e feliz ano novo!
domingo, 20 de dezembro de 2009
Jack Bauer interroga Papai Noel
Na linha de “o que faz um vídeo ser viral”, este deu um show. Você pega dois ícones da cultura, um de bondade e outro de resultado a todo custo, e os coloca frente a frente. Pronto. Explodiu na internet o novo cartão de natal da Rebel Christmas Card.
Veja e comente.
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
Acidente de automóveis gera comercial chocante
Graças ao meu amigo Wilson Oura, meu post hoje vai sobre um assunto que eu amo: comerciais de prevenção de acidentes de trânsito. É impressionante como nós estamos anos luz atrás em como tocar nesse assunto. Depois o Brasil lidera os rankings de acidentes automotivos e não sabe porque.
Da Austrália vem o comercial abaixo. É um primor em contrabalancear um clima emocional, devido a sua trilha, e as imagens chocantes. Não dá para assistir e ficar inerte. Você leva um soco na cara e pára para pensar no assunto.
Mas o mais fantástico é ver quem o patrocina, quem o colocou no ar. Sabe aquele seguro que você paga quando licencia seu carro, o famoso DPVAT? Aquele que a maior parte das pessoas esquece que tem direito no momento da necessidade? Pois é. O governo de Victoria, um dos estados da Austrália, criou um orgão, o TAC - Transport Accident Commission, e resolveu usar parte do valor dos prêmios recolhidos para fazer campanhas de prevenção. Melhor uso não há. E sem o medo de ser forte. Ou seja, é o seguro usando sua verba para evitar seu uso.
Isso é marketing. Melhor. Isso é marketing usado pelo governo para resolver os problemas públicos. Quem dera todos os governos agissem assim.
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
Táxi: Corrida ou cliente?
Moro em duas cidades diferentes. E quem, como eu, tem o hábito de semanalmente pegar taxis para se deslocar até o aeroporto, acaba tendo seu motorista particular. Sei lá porque, mas a gente acaba se identificando e torna-se mais fácil pegar sempre o mesmo carro.
Pois bem. Tenho um motorista que me atende em cada cidade. E eles me dão aula de marketing todas as semanas que preciso deles. Só percebi a diferença com o passar do tempo, por ser o tratamento dado por eles completamente diverso.
Meu motorista UM não tem problemas nenhum de fazer a corrida. Desde que esteja disponível, não tenha nenhuma outra para fazer. O problema é que toda vez que a corrida parece ser um mico, ele sempre está ocupado. Outro dia minha esposa pediu para ele levar meu filho a um bairro distante e buscá-lo mais tarde, o que faria com que tivesse que esperar. Levar era possível, buscar não.
Meu motorista DOIS também não tem problemas de fazer as corridas. Todas, sem exceção. Se por acaso ele estiver ocupado, não é necessário nos preocuparmos. Alguém do círculo de amigos taxistas dele fará a corrida. Não sem antes semos avisados e sabermos o nome do substituto, para nossa tranquilidade.
O mais interessante é que o motorista UM, mesmo perguntado se nenhum outro amigo pode fazer as corridas problemáticas, sempre responde que todos os amigos estão ocupados. Sempre.
Vendo pelo ângulo do marketing, podemos dizer que o motorista UM pega corridas. Enquanto isso, o DOIS atende o desejo do consumidor por mobilidade. Um está na pré-história do marketing, pois está preocupado com vender seu produto. Outro no presente, pois criar relações e fideliza o cliente.
A pergunta é: como estão as empresas que representamos? Que tipo de visão temos passado aos nosso clientes? Fazemos corridas ou relacionamentos duradouros?
Mais interessante é saber que, apesar de idades parecidas, suas realidades de vida são diversas. O taxista UM aluga o carro que dirige. O DOIS já juntou dinheiro, comprou seu próprio carro e hoje já tem um segundo carro que atende parte das corridas que ele não dá conta. Conclusão? Fidelização compensa.
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
Autoshow 9: Em automóvel, luxo é status
À medida que as notícias vão sendo divulgadas, perece fácil vender carros de luxo. Todas as montadoras que comercializam esse tipo de automóvel reportaram crescimento em 2009, ano que começou com o estigma da crise. Mesmo aquelas que ainda não se instalaram no Brasil, divulgam seus planos de comercializarem por aqui seus produtos. Nosso país, acostumado a ser o país dos carros populares, passou a ser referência no mercado dos ultracarros.
Mas onde está a linha de corte entre um carro normal e um de luxo? Qual carro é mais considerado “de luxo”? Um Volkswagen ou um BMW? Se pensarmos somente em preço, um Passat a 119 mil reais seria mais luxuoso do que um BMW Série 1 a 95 mil. Porém, em termos de status, mesmo sendo mais barato, o alemão da BMW é mais considerado que o alemão da Volks.
Aliás, é interessante perceber os sinais passados nos detalhes. É muito diferente chegar numa roda de amigos e dizer “comprei uma Mercedes”. O próprio nome remete a um mundo de pequenos mimos que lhe diferencia dos demais mortais. E veja a chave de um carro de luxo. Sempre vistosa, funciona como uma extensão do próprio carro, em termos de transmitir a imagem de alguém que conseguiu chegar ao topo.
Talvez o marketing seja um dos principais ingredientes disso que chamamos mercado de luxo. A percepção de que as pessoas não querem ser consideradas iguais, de que elas pagam por sinais externos de sucesso, é muito bem utilizado pelos departamentos de produto e marketing para desenvolver automóveis que, mesmo entregando o mesmo resultado, o transporte de um local para outro, agregam vários valores subjetivos que fazem com que as pessoas abram os bolsos e gastem mais.
Importante notar que existem mercados e mercados nesse segmento. Um Mini a R$ 86 mil atende a um nível de consumidor diverso de um Jaguar XKR a R$ 489 mil, ou uma Ferrari 612 a dois milhões e meio de reais. São todos considerados carros de luxo, mas o tamanho dos bolsos e as necessidades psicológicas atendidas completamente diferentes.
O que os torna igual é a dificuldade em alcançar esse público alvo. Quem compra um carro nessa faixa de valor não se convence com um simples comercial de televisão. Isso não é suficiente para criar a imagem de luxo. É mais importante o boca a boca, resultado de ações direcionadas, como a pessoa certa, influente, ao volante do modelo, o patrocínio do evento correto, a matéria do veículo em revistas de estilo de vida. Tudo conta para ajudar a subir o status de um modelo frente a outro.
Apesar da euforia, esse é um mercado muito difícil. Num país de dimensões continentais, a montadora tem de pesar onde investir para conquistar esses prováveis consumidores, sob o risco de gastar o dinheiro sem atingir o público alvo. Mas o Brasil tem evoluído muito no segmento de carros de luxo. Será cada vez mais fácil cruzar com modelos que são verdadeiras jóias nas ruas. Transportando pessoas, mas principalmente transmitindo os sinais de status pelos quais seu proprietário pagou.
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
Da série Novas linguagens de comunicação VI
Coincidentemente o vídeo é do Google. Mas o conteúdo em si não é o importante. Legal é a linguagem com a qual o fizeram. Falar de tecnologia de uma forma nada tecnológica. Vale a pena conhecer.
quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
Google Goggles: Google ainda vai dominar o mundo II
Google acaba de apresentar o Google Goggles. Como sempre, utilizando-se muito bem de suas próprias ferramentas, um novo vídeo mostrando o funcionamento da novidade foi postada no Youtube e já ganhou o mundo.
Mas o que o Goggles faz? Basicamente utiliza-se de imagens para iniciar buscas. Aplicativo criado para o sistema operacional Android que roda nosem celulares, ele reconhece as fotos que você faz e lhe dá as informações relacionadas a ela. Quer saber mais sobre um livro? Fotografe-o e veja na tela de seu telefone. Quer ler sobre algum ponto turístico? Aponte sua câmera e faça click.
O produto ainda lhe permite receber informações através de posicionamento geográfico, usando para isso o GPS do aparelho. Algo similar ao que faz o aplicativo da Acrossair.
Como todos os produtos Google, foi lançado como Beta. Como todas as novidades nesse mundo cibernético, vai demorar ainda um tempo para ser completamente absorvido. Mas também como tudo o que ocorre na internet tem um enorme potencial para ser aplicado pelas empresas que representamos.
Leia também: iPhone: Não se perca na hora de pegar o metrô
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
Autoshow 9: De volta à época das carruagens sem cavalos
Imagine-se no final do século XIX. Você resolve comprar um automóvel a gasolina, uma carruagem sem cavalos. Segundo comentam, a invenção do futuro. Sai para passear e, depois de alguns quilômetros, volta a pé porque a gasolina acabou e os postos ainda não foram inventados. Pior é chegar em casa e ouvir da esposa: “Eu te disse, besteira comprar essa máquina do diabo! Agora fica aí, tendo que arranjar um bom par de cavalos para puxar de volta aquela coisa...”
É assim que o proprietário de um carro elétrico poderá se sentir hoje em dia, possuindo um veículo que não pode ir muito longe de casa, sob o risco de ficar parado no meio do caminho. Você até pensa: “mas energia elétrica tem por toda a parte”. O problema é ter de bater campainha na casa de um desconhecido e pedir para usar a tomada dele. Ou enfrentar uma estrada, sem saber onde será o próximo local com energia disponível.
Esse tipo de dificuldade nunca segurou a raça humana. Não vai ser agora que irá segurar. Creio que temos uma queda para sermos aventureiros. É isso que leva a humanidade para frente. Aparece uma dificuldade e imediatamente vários desbravadores começam a testar soluções para ultrapassá-la. Como os combustíveis fósseis não durarão para sempre, testes e mais testes surgem para continuar a dar mobilidade aos automóveis sem depender de gasolina ou diesel.
Várias são as experiências. O carro híbrido, uma mistura de motores a gasolina e elétrico, já se tornou corriqueiro em países como os Estados Unidos e o Japão. Para se popularizar ainda mais, só falta o preço das baterias cair ao ponto do custo dos carros ser o mesmo de seus primos à combustão. O Brasil tem sido responsável pela maior e mais bem sucedida experiência de combustível renovável, com o aparecimento do motor flexível e sua capacidade de funcionar a base de álcool. Outras idéias, porém, por enquanto não se provaram eficientes, como as células de combustível a hidrogênio, que tem custos proibitivos.
Fantástico foi o pensamento de Shai Agassi, um israelense que criou a Fundação Better Place. Ao invés das pessoas recarregarem as baterias de seus carros elétricos, elas parariam em postos e as trocariam em menos de um minuto por outras já recarregadas. Que ficariam lá sendo reabastecidas para serem usadas por outros. Você compraria o carro e o direito de trocar a bateria sempre que necessário. O projeto já está sendo estudado por mais de 25 países e tem tudo para revolucionar a indústria dos veículos elétricos.
Importante lembrar que as montadoras não estão na indústria dos carros a gasolina, a diesel, ou a álcool. Elas estão na indústria da mobilidade, do transporte, do deslocamento. Elétrico, à combustão, nuclear, não importa a forma de fazer o motor funcionar. Importa lembrar que o consumidor irá comprar o modelo que aliar facilidade no reabastecimento com baixo custo. Resolvida essa equação, o mercado terá encontrado um substituto para a charrete sem cavalos atual.
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
A primeira verdadeira revista digital
Os americanos já estão se mexendo. Com o crescimento das vendas dos e-readers, tais como o Kindle da Amazon, os editores de revistas e jornais americanos estão começando a desenhar o futuro possível para suas edições. Lógico que as versões de papel não irão sumir de um dia para outro, mas a sua migração para o meio eletrônico já é uma realidade na cabeça de muitos.
A Sports Ilustrated, revista da Time Inc., dona da CNN, da revista Time e outras tantas empresas de comunicação, demonstra um primeiro pensamento de como as revistas eletrônicas serão quando estiverem disponíveis para acesso em Tablets e e-readers. Arrisco dizer que essa versão ainda está bem tímida, pois é quase uma transposição de um meio para o outro. Mas é assim que começa. Até porque o leitor não irá passar do meio físico para o digital se não se sentir confortável com isso, se não se sentir “em casa”.
Para efeito de comparação, veja também a página da internet da revista. Fica mais claro ainda que eles estão buscando diferentes sensações frente à tela de um computador. Falta descobrir qual será a solução final que os consumidores irão preferir.
Relacionamento digital no futuro será assim
Cada vez mais aparecem usos impressionantes das tecnologias digitais. Agora, a empresa sueca Tack Film mostra para a gente o que pode ser, num breve futuro, a forma mais comum de marketing de relacionamento digital.
Vale a pena assistir. Vale a pena entrar no site e produzir sua própria versão do vídeo. É muito fácil. Mas vale mais a pena tentar imaginar o que esse tipo de aplicação pode ter de impacto na empresa que você trabalha.
Observação: Se estiver demorndo para rodar, clique na frase Light version
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
Os competidores se aliam no Bob’s
Hoje lanchei no Bob’s. Fui rapidamente no novo shopping de São Paulo, o Vila Lobos, e lá aproveitei minha pressa para matar minha saudade de um sanduíche. Tinha McDonald’s, mas resolvi fazer um revival.
Pedi meu sanduíche e na hora do Milkshake bateu uma dúvida: Ovomaltine ou o novo Prestígio da Nestlé? Resolvi fazer regime e pedi só um refrigerante.
Mas a dúvida me assombrou durante todo o meu almoço: Se a Ovolmaltine é fabricada pela Wander A.G. e o Prestígio é marca da Nestlé, se as duas marcas são concorrentes diretas no mercado, o que fazem juntas na linha de milkshakes do Bob’s?
Só consegui chegar numa conclusão. A necessidade faz a oportunidade. Bob’s tem, como competidor, uma das mais competentes empresas do mundo, o McDonald’s. Brigar com alguém tão poderoso fez com que o Bob’s se especializasse em ser mais inovador e buscar o sabor como diferencial. Vem daí sua veia criativa, que dá forças para convencer concorrentes a conviverem lado a lado.
Não sei quanto isso custa de esforço, ou quanto tempo vai durar. Só sei que podemos dizer que se existem empresas com marketing criativo, Bob’s com certeza merce um destaque por esse feitoutilizar o exemplo do Bob’s para pensarmos em nossas empresas e ver que, em certos momentos, nossa saída é colocar concorrentes para trabalhar para a gente.
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
Autoshow 8: Dirigir e cantar, é só começar
Os peixinhos apareciam na tela e a música disparava “Let’s fool around and find a new emotion...” (Vamos passear e encontrar uma nova emoção). Pronto. De um dia para o outro, por causa da melodia e de um peixe que chorava, o Palio Weekend caiu no gosto do povo. As crianças queriam ir às concessionárias conhecê-lo de perto. Assim, uma música ajudou a desbancar a Parati da liderança de mercado.
Não tem como negar. Num país musical como o Brasil, a publicidade automotiva sempre flertou com sons, conhecidos ou inéditos, para dar um empurrãozinho nas vendas. E o que não faltam são exemplos. Qualquer que seja a montadora, dá para fazer CD’s de sucesso somente com os hits utilizados nos comerciais.
Os mais antigos se lembram. Para a Chevrolet, Zé Rodrix criou um dos mais famosos sucessos brasileiros. Cantava “É no silêncio de um Chevrolet que meu coração bate mais alto” e fazia aumentar as vendas do Chevette e Opala naqueles anos. Mais recentemente, a Nissan ousou ao lançar o Sentra com um falso grupo cantando “Não tem cara de tiozão, mas acelerou meu coração”. Em ambos os exemplos, as músicas foram especialmente criadas para as montadoras, formato conhecido como jingle. Mas mesmo as músicas de cantores famosos emolduram os lançamentos automotivos.
Os Beatles ajudaram a Chevrolet, autorizando o uso de “With a little help from my friends” (Com uma pequena ajuda de meus amigos) num comercial da marca. E voltaram às paradas de sucesso com “Ob-la-di, ob-la-da” no lançamento do Fiat 500. Madonna foi ouvida no comercial do Dobló, cantando “Like a virgin” (Como uma virgem). E os funcionários da Ford, usando a canção dos The Turtles, declararam estar “Happy together” (Felizes juntos) com o novo Focus. Cantando em português, os Engenheiros do Hawaii explicaram que comprar seminovos na rede Chevrolet trazia “Segurança”. Arnaldo Antunes ajudou a Livina X-Gear a dizer que agora tudo pode, com a música “Pequeno cidadão”.
Até mesmo o varejo é motivo para se cantar as vantagens das marcas. Fiat já usou Bate Coração, sucesso da Elba Ramalho. Mas nada que se assemelhe a todos os sucessos usados anos a fio pela GM, agora representado por Jorge Bem Jor e seu “Eu sou o Sol”. O mesmo Bem Jor que havia cantado para a Volkswagen “Umbabarauma, homem gol”. Montadora, inclusive, que usa hoje o comediante Marcelo Adnet para criar jingles regionais para o varejo de sua rede.
Poderia ficar enumerando mais e mais comerciais musicados, tanta é a diversidade de modelos embalados por cantores nacionais e internacionais. Porém, o mais importante é perceber a existência de uma forte ligação entre sons e automóveis. Ela vem de uma característica comum aos dois, nos fazem viver momentos de prazer. E talvez seja isso que os publicitários busquem: transferir o prazer das músicas para os modelos que as embalam. Do meu lado aqui, fico cantando “bi-bi, quero buzinar meu calhambeque”, enquanto dirijo o meu carro. Bye-Bye.
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
Da série Novas linguagens de comunicação V
Em dois dias este vídeo virou post em 1.043 blogs e teve mais de 1,5 milhão de views. O impressionante é que não é nem um pouco criativo, no sentido mais puro da palavra. Não inova na linguagem, é a refilmagem de uma música dos anos 70, e nos traz personagens mais do que conhecidos. É uma lição: para se tornar um viral, um vídeo precisa, mais do que ter inovação, gerar uma reação emocional profunda.
Impossível não assistir até o final os Muppets. Que o diga os mais de 2.100 tweets que essa paródia gerou.
terça-feira, 24 de novembro de 2009
Telefone fixo: o que fazer com este trambolho
Acho que todo mundo já passou por isso. Está sentado no escritório, em frente ao telefone fixo, precisa fazer uma ligação e, automaticamente, pega o celular. Numa conta simples, este ato custa de 5 a 10 vezes mais caro, diferença entre o minuto de fixo para fixo e de celular para fixo. Mas por que a gente acaba desperdiçando dinheiro dessa forma?
Não sei a resposta, mas arrisco dizer que as empresas de telefonia fixa ajudam bastante a criar um buraco entre o charme dos celulares e a burocracia dos telefones fixos.
Não vou nem entrar na questão mobilidade. Se você for como eu, terá horas que estará parado na sua mesa, ou na sua casa, nas quais a mobilidade é menos importante. E nem a desculpa de ter de ficar parado num mesmo cômodo é válida, pois você pode ter um telefone fixo sem fio.
Só que os aparelhos fixos viraram objetos pré-históricos, de um dia para outro, com o rápido desenvolvimento dos celulares. Impressionantemente, o telefone fixo só serve para isto, telefonar, o que diminui o número de vezes que você se lembra dele. Nem para o e-mail ele serve, já que no escritório você tem um computador ao lado dele, aliás muito mais útil.
E mesmo na praticidade, eles ficaram para trás. Você precisa ligar para alguém? No celular você procura o nome na lista de telefones salvos, seleciona e aperta a tecla de send. Pronto! Nem isso o fixo faz direito. Alguns guardam poucos números, como os celulares faziam a 10 anos atrás. Mas nem sistema de busca eles tem. Você tem que saber o número de cor, ou buscar nas suas listas de contato.
Talvez uma solução estivesse em termos aparelhos fixos inteligentes, com muitos dos recursos dos atuais celulares. Isso poderia ajudar. Mas creio que as empresas de telefonia fixa já perderam a guerra e não existe volta para elas. O velho e pouco prático fixo é um fóssil vivo nas nossas vidas. Deve seguir para o mesmo cemitério que os aparelhos de fax já foram. Suas empresas estão correndo a toda para inventarem novas utilidades para as estruturas instaladas. A transmissão de dados é hoje sua bóia de salvação. Mas mesmo isso pode deixar de ser realidade, quando o custo de transmissão via celular passar a ter um preço compatível.
Resta a pergunta: o que fazer com o aparelho? Jogar fora é a solução, pois nem como peso de appel os novos aparelhos servem. E assumir de vez que o celular é o futuro da comunicação.
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
Google através do Google
A Google é a empresa que melhor se utiliza de seus recursos para divulgar seus próprios recursos. A antecipação de seus futuros produtos através de vídeos no Youtube é até covardia.
Primeiro, a indústria de informática inventou as versões Beta, na qual o consumidor ajuda a consertar os problemas dos programas e ainda fica feliz por isso (já pensou você comprar um carro versão Beta? Você vira a direção, ele vai reto, você manda uma mensagem para o fabricante feliz por estar colaborando com a melhoria do produto?). Agora, o Youtube virou campo de divulgação de teaser da Google para tudo o que está bolando.
Eles irão lançar o Google Wave e já haviam divulgado diversos vídeos explicando como irá funcionar. Um deles, você vê aqui embaixo.
Agora começam a nos massacrar com os vídeos do sistema operacional Google Chrome. E o pior, de uma forma tão didádica e interessante que a gente fica ansioso por botar as mãos na novidade.
O melhor de tudo é que a linguagem é super moderna e inovadora. Talvez isso tudo explique porque eles se tornaram uma potência com tão pouco dinheiro investido em publicidade. Quem precisa dela, quando se tem um boca a boca virtual tão eficaz?
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
Microsoft faz seu próprio Flash Mob II
Ontem escrevi sobre o Flash Mob que os funcionários de uma Microsoft Store fizeram. Camila Reis, minha ex-aluna na ESPM e menina esperta, colocou um comentário que me deixou o dia inteiro pensando. Argumentou que o Flash Mob da Microsoft é FAIL total, como ela mesmo escreve. E elogia a iniciativa do Trident, o outro vídeo que postei ontem.
Tenho que confessar que num primeiro momento concordei completamente com ela. Mas ficou uma pulginha atrás da minha orelha que não conseguia descobrir o que era. Aí, de um estalo, consegui entender meu desconforto.
Primeiro ponto que tenho que destacar é a característica da internet da liberdade total. Qualquer um coloca o que quiser ali, sem censura prévia (fora os países, como a China ou Irã, que censuram as URL’s e não os conteúdos).
Segundo, que é da cultura americana dançarem nas festas e boates com uma mesma coreografia, mesmo sem se conhecerem uns aos outros. Quem já foi aos EUA já viu isso acontecer: começa a tocar uma música e de repente, como num passe de mágica, todos estão dançando juntos, como se fosse tudo ensaiado.
Por último, me veio à mente que o vídeo do Trident mostra um trabalho profissional, ensaiado à exaustão, filmado profissionalmente por diversas câmeras, contra uma filmagem ruim que parece ter sido feita num celular.
Aí cheguei a uma conclusão: gosto das duas iniciativas. A do Trident é uma ótima jogada de marketing. Parabéns, pois virou viral pelas suas qualidades. A da Microsoft, gosto o dobro. Com certeza alguém na loja sugeriu quebrar o clima sério, fazendo uma performance. E a turma topou. Alguém filmou e colocou na internet. E virou viral também.
E por que gosto o dobro? Porque é muito difícil ver coisas diferentes e divertidas acontecendo nas lojas. Numa época em que muitos falam do marketing da experiência, que precisamos criar um ambiente diferente nas nossas lojas, o que a gente vê é muito do mesmo.
Eu adoraria ter topado com essa ação na loja da Microsoft. Sairia de lá com uma lembrança, mais do que simplesmente com um produto. É. A Microsoft tem muito a ensinar…
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
Microsoft faz seu próprio Flash Mob
Tá bem. Microsoft está tentando se modernizar. Até lançou sua loja própria, a la Apple Store. Agora é a vez de criar seu próprio Flash Mob. Sabe? Aquele lance de todo mundo, como por milagre, começar a fazer as coisas sincronizadas, para desespero de todos aqueles que não sabem o que está acontecendo.
De repente, toda a equipe da loja passa a dançar a mesma música. E vira um show para os clientes presentes. O mais interessante é que todos param para ver e, de repente, alguns até aceitam dançar junto com os vendedores. Reparem no carequinha eno final e sua cara de felicidade. Fiquei na dúvida se não era o próprio Steve Balmer, presidente da empresa.
Aproveitando o lance, outro vídeo. Esse da Trident, para uma versão de sua goma de mascar que mistura o sabor das frutas. Pode ter sido uma única vez. Importante perceber que virou viral na internet. Microsoft ainda tem o que aprender…
terça-feira, 17 de novembro de 2009
Da série Novas linguagens de comunicação IV
Toby Turner é um comediante americano. Faz stand-comedies, aquele tipo de comédia muito apreciada nos Estados Unidos em que o comediante só se utiliza de um microfone para fazer graça.
Pois bem, ele conseguiu fazer um vídeo interessantíssimo. É um metavídeo, ou seja, um vídeo que usa das técnicas de vídeo para falar das técnicas de vídeo. E ficou impressionante, além de muito engraçado.
Para quem mexe com comunicação, vale muito a pena dar uma conferida. PAra quem não mexe, vale pelo humor.
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
Autoshow 7: A incrivelmente boa idéia do IPI Verde
Tem certas idéias que depois de criadas parecem óbvias. A gente pensa: Por que não foi feito isso antes? E normalmente não conseguimos encontrar uma boa resposta. Lançada esta semana, a proposta do ministro Miguel Jorge de reduzir o IPI dos carros mais econômicos é uma dessa idéias. Numa época de preocupações ecológicas, premiar as montadoras que se debruçaram sobre o tema é uma iniciativa que permite melhorar o ar das cidades, diminuir a dependência de combustíveis fósseis e valorizar o pensamento ecologicamente correto.
No início dos anos 90, a pressão das montadoras para a diminuição do IPI foi aplacada pelo governo com faixas de impostos diferentes relacionadas à potência dos motores. Surgia a classe dos carros populares, aqueles com motor de até mil cilindradas. Era uma época em que as preocupações ecológicas já despontavam, mas não eram suficientemente fortes para mudar a decisão de consumidores. Criar faixas por cilindrada talvez já fosse uma semente da idéia de premiar os carros mais econômicos com menos impostos, mas poluição ou eficiência naquele momento não eram as razões mais importantes.
Agora surge o Imposto Verde. Já em funcionamento em eletrodomésticos, para ser aplicado aos automóveis necessita da formalização dos seus níveis de eficiência energética. Confuso? Deixe-me esclarecer. Fogões e geladeiras são, há anos, classificados de A a E pelo Procel, órgão governamental, de acordo com o menor ou maior consumo de energia. Você já viu o selo nas lojas. Aquele com várias setas e letras, de verde a vermelho. A partir de 2008, o mesmo conceito passou a ser utilizado nos carros, só que a participação das montadoras se deu de forma voluntária. Somente 31 carros foram analisados.
Para que o imposto seja aplicado, o teste precisa ser feito de forma sistemática nos mais de 450 modelos vendidos no Brasil, nacionais e importados. Isso demanda tempo. Hoje, por exemplo, o Honda Fit 1.4 pagaria menos imposto do que o Celta 1.0, por ser classificado pelo Inmetro no mesmo segmento e ser mais eficiente.
Mas não se engane quem acredita que o perfil de vendas de automóveis no Brasil mudaria radicalmente de um dia para o outro. Modificados os critérios de taxação, imediatamente as prioridades no desenvolvimento também seriam atualizadas. Assim, no lugar da busca por melhores desempenhos dos motores 1.0, as principais montadoras direcionariam seus esforços para a economia. E teríamos novamente um perfil de maior cilindrada/maior imposto. Com honrosas exceções.
De toda forma, apesar das dificuldades de implantação, a proposta é brilhante. Eleva o Brasil ao nível das iniciativas como as da Califórnia, nos Estados Unidos, e da Inglaterra, que já tem incentivos para automóveis mais econômicos. E permite que a população passe a contribuir ainda mais com a questão ambiental. Quem sabe nosso próximo passo é começar a sonhar com os carros elétricos? Agora é esperar para ver.
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
Coca-Cola versus Pepsi: a guerra na publicidade
No domingo postei sobre Gatorade e água de coco. Fechei o post falando da Pepsico, dona das marcas Gatorade e Kero-Coco, e sua estratégia de liderar todos os mercados de bebidas não carbonatadas. Isso versus a estratégia da Coca-Cola, que sempre se apoiou no refrigerante de mesmo nome e passou um mal bocado quando as pessoas passaram a consumir mais água e sucos, buscando uma vida mais saudável.
As duas continuam suas batalhas, mas me lembrei e resolvi colocar aqui comerciais históricos da eterna briga Coca versus Pepsi. Sempre a Pepsi provocou a concorrente. Que, inteligentemente, poucas vezes respondeu.
Separei seis comerciais. Valem a pena. Observe que os três últimos são especiais. O “They changed my Coke” foi lançado quando a Coca lançou a New Coke, mudando sua famosa formulação. O “Archaelogy” brinca, assim como o “Back in time”, com um futuro em que a Coca não existiria mais. E o da Araldite fala no fim da guerra das colas, num comercial que nunca foi exposto na tv brasileira. Somente no Festival de Cannes.
Espero comentários.
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
Autoshow 6: Recall, a maior ferramenta de marketing das montadoras
Existe uma crença popular de que as montadoras evitam a todo custo fazer os famigerados recalls. Pode até ser doloroso, caro, angustiante. Mas as grandes fabricantes já descobriram que eles podem ser uma ferramenta positiva de marketing, se bem utilizados.
Não me entenda mal. Mas é que já trabalhei numa das grandes montadoras brasileiras e o primeiro recall a gente nunca esquece. Num certo dia, o diretor geral me chamou e disse: Precisamos entrar no ar com uma chamada de recall amanhã, no máximo! Quem trabalha com propaganda, facilmente irá entender meu desespero. Você não consegue, em 24 horas, estar com um comercial nas emissoras brasileiras. A não ser que...
Pois é. Naquele dia aprendi a importância de um recall. Tiramos uma campanha do ar e a substituímos por uma chamada para que os clientes comparecessem à concessionária mais próxima. E a frase final do comercial, que citava o respeito ao consumidor, dizia e diz muito para mim até hoje.
Não podemos nos esquecer que é quase impossível não ter problemas numa linha de produção. Não somente de automóveis, mas de qualquer tipo de produto que enfrente essa forma de fabricação. No caso da indústria automotiva, são vários os fatores que contribuem para isso, desde a complexidade do produto, formado por milhares de peças, até o processo em si, que gera diversas chances para que a lei de Murphy (Se alguma coisa pode dar errado, dará) se materialize.
Na maior parte das vezes, os recalls são gerados não por reclamações do consumidor, mas pelos próprios testes de qualidade que continuam a ser feitos nos carros que saem das fábricas. Há pouco tempo, uma das grandes montadoras fez um recall devido a um problema de má fixação do cinto de segurança. Ele surgiu porque o molde do fornecedor teve um desgaste, gerando o inconveniente. Interessante notar que a grande maioria dos carros com o problema não tinha nem três meses de mercado. Mas os testes de campo já indicavam a fadiga da peça. E o consumidor pode ser chamado antes mesmo dela se manifestar.
Qualquer montadora que preze sua imagem conhece os riscos inerentes de não assumir esse tipo de situação e tentar evitar um recall. É como um bumerangue. Você o joga para longe, pensando que se livrou, e ele volta com muito mais força, destruindo tudo que encontra pelo caminho: vendas, reputação e rentabilidade. É mais fácil tratá-la como uma bola de neve, resolvendo no nascedouro e evitando que ela cresça.
Um bom executivo da indústria considera o recall uma ferramenta de marketing tão importante quanto um novo modelo a ser lançado. E sabe que o consumidor também confia mais naquela montadora que não tem medo de corrigir, por si própria, seus próprios erros.
Aquelas que tentam esconder possíveis problemas, com essas não precisamos nos preocupar. O próprio mercado se incumbe de ensiná-las, tirando, pouco a pouco, as vendas de suas mãos. E fazendo com que o medo que elas tem do recall se concretize, eliminando-as do mercado.
domingo, 8 de novembro de 2009
Gatorade e Água de Coco: A guerra que não vai acontecer
Hoje eu fui andar de bicicleta no Parque do Ibirapuera. Domingo, tempo nublado, dia e clima perfeitos para um pouco de workout. Depois de voltas e voltas, resolvi parar para beber algo. Como, apesar do tempo nublado, o calor estava presente, os ambulantes estavam lotados. No lugar onde parei, como todos os demais vendedores, existe uma profusão de bebidas, mas prevalece o Gatorade e a água de coco.
Fiquei na dúvida, mas como tenho bebido muita água de coco em casa, optei pelo Gatorade. Aí o diabinho do marketing que vive na minha cabeça perguntou: E os outros? As outras pessoas? O que elas pedem? Fiz a pergunta para a ambulante e a resposta foi uma pesquisa de mercado gratuita:
“Olha, sai mais água de coco do que Gatorade. O povo que anda prefere a água. Gatorade é mais para os que fazem esporte ou andam de bicicleta” Taí, uma informação gratuita que a gente precisa, normalmente, gastar milhares de reais para descobrir.
Lógico que minha próxima pergunta foi o preço, já que poderia ser essa a razão. Que nada, o preço é igual, quatro reais por uma garrafinha de meio litro. Preço aliás, salgado. É o custo da conveniência.
Passei o resto do passeio pensando a respeito dos dois isotônicos. Gatorade, desenvolvido, em 1965, pela Universidade da Flórida e batizado devido ao time da cidade, o Flórida Gators. Se tornou um sucesso mundial a partir da vitória do time no final da Orange Bowl (o Superbowl dos times das universidades). E a água de coco, que passou a ser vendida, em 1995, em embalagem longa vida a partir da iniciativa de um ex-engarrafador mineiro de Coca-Cola.
Seria uma briga de mercado interessante, pois a água de coco pode se posicionar como um isotônico natural e, com isso, tomar o mercado do Gatorade entre as pessoas que buscam se livrar de produtos artificiais. Seria, pois a partir deste ano os dois produtos passaram a pertencer à mesma empresa. Em 2000, foi a vez da Pepsico comprar a Quaker, fabricante de Gatorade. E no último mês de agosto, a vez da Amacoco, fabricante de Kero-Coco e Tropicoco, se juntar à multinacional de bebidas.
Agora, o resto será história. A chance de Kero-Coco virar uma marca internacional é muito grande. Talvez seja mais uma força para fazer da Pepsico uma empresa maior que a Coca-Cola. É viver e ver.
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
Flexible OLED: O cumputador se torna flexível
A Samsung já lançou no Brasil a TV com tela de OLED. Com telas de 40 e 55 polegadas, tem 3 centímetros de espessura, e imagem de gente grande. A tecnologia, criada pela joint venture que ela tem com a Sony, permite o emagrecimento de televisores e laptops. Mas isso é brincadeira, comparado com o que é possível fazer com esse tipo de tela.
As duas já estão começando a divulgar na internet seus primeiros vídeos de aplicação da mesma. E a principal característica é a flexibilidade, que tornará possível menores e mais duráveis celulares e computadores.
Uma empresa da Alemanha, a Orkin Design, desenhou um primeiro laptop flexível, junto com a Sony. Seu vídeo é impressionante, pois o equipamento pode ser utilizado como uma TV ou Tablet PC.
Não creio que essa seja a versão a alcançar o mercado. Até porque seu formato não é muito prático. Mas que estamos nos aproximando do momento de termos uma nova revolução nesse equipamento, disso você pode ter certeza.
terça-feira, 3 de novembro de 2009
Propaganda quando é boa é boa mesma VI
Estreou esta semana o novo comercial do Itaú Personnalité. Utiliza-se, pela primeira vez no Brasil, da técnica tilt-shift, criada por Keith Loutit. Em abril, previ que rapidamente ela chegaria à publicidade brasileira. Chegou.
A técnica já é fantástica. O uso pela DPZ, melhor ainda.
Clique na imagem e veja o comercial. Com direito a making of.
Leia também: Novas linguagens de comunicação.
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
AutoShow 5: Uma paixão que desconhece o conforto
Imagine comprar um carro por 290 dólares em 1925, rodar por 84 anos e, depois, revendê-lo por 32 mil dólares. Parece loucura? Pois esse é o preço de um Ford T anunciado na internet esta semana. É para se pensar. Se é verdade que um carro se desvaloriza só de sair da concessionária, qual é a mágica para um modelo sem direção hidráulica, sem ar-condicionado, sem rádio, sem nenhum dos confortos atuais, se valorizar tanto? Resposta? O Antigomobilismo.
Alguns colecionam quadros. Outros preferem dedicar tempo a apreciar vinhos. Também existem os que buscam prazer em esportes. Um fanático por veículos antigos reúne as qualidades de todos os tipos de hobby. Um antigomobilista é aquele que aprecia a arte representada pelos carros de época. Com isso, ajuda a conservar parte da história deste que é um dos maiores inventos do ser humano.
O mundo começou a ficar realmente pequeno quando os primeiros carros permitiram atravessar rapidamente enormes distâncias, sem precisar parar para descansar os cavalos. A liberdade passou a ser limitada pelo alcance do tanque de combustível. Ou pela rede de postos de abastecimento. Criadas as condições do desenvolvimento, o resto é história. Aos poucos os carros passaram a significar status e a refletir a moda do momento. Essa evolução o colecionador de carros antigos ajuda a preservar.
É interessante de se perceber que um antigomobilista não é uma pessoa egoísta. Muito antes pelo contrário. Um dos maiores prazeres é compartilhar seu bem com as pessoas. O número de eventos públicos de carros antigos demonstra bem isso. Além do prazer em ficar horas e horas falando de características técnicas, discutindo o mercado passado, as versões existentes, todo tipo de detalhe que mostra o que era ter um carro nos anos em que a gasolina custava centavos.
Lógico que existem tipos e tipos de colecionadores. Há aqueles que tem coleção de um único modelo. Outros, colecionam por ano. Também há os que preferem se dedicar a um tipo de carroceria, ou fábrica. Existem até mesmo os que compram um só carro e dedicam todos os seus momentos de lazer a restaurá-lo centímetro por centímetro.
De toda forma, colecionar carro antigo é uma das melhores formas de prazer que conheço. Não me lembro de nenhum colecionador que não tenha um brilho especial nos olhos quando fala dos seus “filhos”. Não é para menos. Utilizar seus momentos de lazer e se dedicar a um hobby que valoriza acima da inflação? É, no mínimo, um bom negócio. Emocional e financeiro.
Poucos bens materiais tem sua história tão bem preservada. A gente não vê nenhum clube da geladeira se reunindo. Nem existe a associação dos proprietários de fax machines. Talvez, o que se veja no futuro, seja a história da humanidade contada através dos seus meios de locomoção. E o sucesso dessa preservação se deverá a uns poucos apaixonados, que preferem rodar num modelo centenário que num moderníssimo carro zero quilômetro.
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
Por que que táxi cobra bandeira 2?
Finalmente parece que as coisas começam a fazer sentido. Sempre me perguntei por que a gente paga mais caro por corridas de táxi nos dias e horários com menos movimento. Se existe uma coisa que é contra a lei da oferta e procura é essa tal de Bandeira 2.
Pois veja, segundo a lei, quanto mais procura um bem tem, maior será o preço que as pessoas estarão dispostas a pagar por ele. Exemplo? Você compra roupa de inverno no inverno, paga caro. Chega o verão, o preço despenca.
Aí, você sai ao meio dia, no meio de uma chuva dos infernos, no centro da sua cidade, e paga preço normal pela corrida. Chega um feriado, meia noite, ruas vazias, você liga para o rádio táxi e paga mais caro. Quem foi que inventou isso?
Agora parece que alguém com juízo na cabeça resolveu tentar colocar ordem no galinheiro. Por enquanto nas noites de sexta e sábado. Mas já é um começo. A Secretaria Municipal de Transportes de São Paulo está implementando um desconto de 30% nas corridas dos táxis paulistanos nestes períodos, para estimular o uso dos mesmos. Fizeram uma pesquisa e descobriram que o povo apóia, diz que usaria mais os táxis se o preço fosse menor e os donos dos táxis também aprovam (pelo menos 45% deles). Só o Sindicato dos Taxistas foi contra.
Quero ver o resultado dessa iniciativa. Se der a lógica, veremos a comprovação de que a Lei da Oferta e Procura é lei não porque foi aprovada por políticos. Mas porque faz uma lógica dos diabos.
Leia também: Por que que táxi a gente paga por corrida?
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
Se cuida Carrefour! Walmart vem aí 2
Escrever este blog vem me proporcionando algumas surpresas muito interessantes. Em 30 de março deste ano, escrevi um post despretensioso sobre as redes Carrefour e Walmart. Nele comparava o que havia observado em suas filiais perto da minha casa, num mesmo dia de feriado. Percebia que o posicionamento das redes estava explícito em dois carrinhos de compra colocados na entrada dos supermercados.
De lá para cá, muita coisa aconteceu. O Pão de Açucar, num movimento audacioso, comprou o Ponto Frio e voltou a ser o número um do varejo brasileiro. E neste mês de outubro começaram as fofocas da possível venda da filial brasileira do Carrefour para o…Walmart!
Este blog, que é um passatempo, passou a receber uma enxurrada de visitas de pessoas interessadas neste assunto pois, por desígnios do Deus da internet, o Google, meu post aparece no começo das pesquisas das duas marcas combinadas. E muitas tem sido as visitas de Bentonville e de Paris, sede das duas redes.
Hoje, recebi um comentário que me disse muito mais sobre esse movimento do que tudo que já li nos jornais e revistas de economia. Uma anônima escreveu “sou funcionária do carrefour com muito orgulho...Se eu pudesse fazer alguma coisa para o grupo carrefour não vender as lojas, faria com muito orgulho”. Se tem uma coisa que faz uma empresa vencedora é exatamente essa defesa emocionada da marca que representamos.
A Marlene Bregman, VP de planejamento da Leo Burnett, uma vez me contou uma coisa que retrata bem o que essa funcionária vem passando. Ela chama esse sentimento de “Emotional Bond”, ligação emocional. E este é o alvo de qualquer marca no mundo. Ter um envolvimento tão alto com seus funcionários e consumidores que eles viram defensores incondicionais da marca. Essa funcionária não está questionando o Walmart, nem o risco de seu emprego. Ela expõe o seu amor pela marca para a qual trabalha.
Quisera todas as empresas tivessem defensores ardorosos iguais a essa funcionária. O mercado seria 100% formado por consumidores satisfeitos.
terça-feira, 27 de outubro de 2009
Autoshow 4: Personalize seu carro e mostre quem você é
Em 1914, Henry Ford disse uma frase que mostrou o quanto o mercado automotivo estava na sua infância: O cliente pode ter o carro na cor que quiser desde que seja preto. Diferentemente do que muitos pensam, suas razões eram nobres. O preto secava mais rápido, mais de acordo com as necessidades da produção em massa. Foi essa preocupação excessiva com a fabricação que lhe fez perder a liderança para a concorrente. General Motors entendeu melhor os desejos dos consumidores e passou a fazer carros vermelhos, amarelos, verdes, azuis e até pretos!
Quase cem anos depois vivemos o mundo da personalização total. Dentro dela, o tuning é a mais radical forma de expressão. Se no começo do século XX ter um carro preto era o suficiente para se destacar na multidão, muitas vezes hoje somente a cor não garante que você encontre seu carro dentro dos estacionamentos abarrotados dos shopping centers. Quem nunca confundiu seu carro numa garagem qualquer, que atire a primeira pedra.
Mas qual a razão pela qual o tuning virou uma febre mundial? Por que muitas vezes alguém se predispõe a gastar mais com equipamentos do que com o próprio carro? Talvez a resposta esteja no que o automóvel represente para seus donos.
Poucos objetos são tão representativos da personalidade dos proprietários. Poucos tem o poder de transferir imagem para quem os possui. Pense um pouco: você até classifica uma pessoa pelas roupas que veste, mas ainda assim se vestir é mais democrático do que possuir um automóvel. É impossível comparar o dono de um Rolls-Royce com um de uma Ferrari. Mesmo custando milhares de dólares, a imagem transmitida por cada um dos modelos é completamente diferente.
Agora, como ficamos nós, donos de carros comuns, fabricados aos milhares? Como a gente pode se sentir diferenciado? Esse é o papel da personalização. Tornar palpável a noção de sermos únicos no universo. É como a gente se expõe aos demais, mostrando ao mundo quem somos. Desde o som, que parece deixar qualquer um surdo, mas que inclui o proprietário numa tribo específica. Ou o turbo, que permite uma arrancada mais esperta. Até mesmo a pintura rosa, clara insinuação de feminilidade a la Penélope Charmosa.
Algumas montadoras já perceberam ser essa individualização uma extensão da personalidade de quem compra um carro. A Scion, divisão jovem da Toyota nos Estados Unidos, por exemplo, possibilita a personalização na linha de montagem. Sabe que o jovem é o maior comprador do conceito, pois cresceu tunando seus carros nos jogos de videogame.
Num mundo cada vez mais competitivo, personalizar transformou-se numa fonte de renda extra para os fabricantes. Não é diferente no Brasil. Aquilo que começou discretamente, com uns poucos malucos que viravam de cabeça para baixo seus bólidos, começa a se tornar um negócio altamente lucrativo. Quem sabe daqui a pouco a gente não passe a comprar a personalização e ganhe o carro de graça? Aí sim será o ápice dessa nova tendência.