O que você faria se tivesse uma empresa presente em 100% das cidades brasileiras, com mais de 12 mil lojas e 115 mil funcionários, e visse o interesse de seus consumidores pelo seu produto cair rapidamente, a ponto de inviabilizar seu negócio? Esse é o desafio do Correios brasileiro. Que está sendo reinventado de forma impressionante.
Havia muito tempo que eu não ia a uma loja dos Correios. Precisei ir buscar um a encomenda internacional, uma daquelas coisas que você é obrigado a fazer pessoalmente. A falta de fila não foi uma surpresa, pois com a internet enviar cartas ou telegramas virou uma coisa fora de moda.
Impressionou-me o número de novos negócios que são ofertados por eles. A sensação que tive é que o risco da diminuição de fluxo de cartas fez acender a fagulha da criatividade por lá. Lógico que alguns serviços são parte do seu papel social, como por exemplo fazer o CPF na agência, ou a distribuição de urnas eletrônicas nas eleições.
Porém, percebe-se que eles tem noção do tamanho e capilaridade de sua rede. Fora a Telesena, que pode ser comprada ou trocada em qualquer agência, os balcões servem de espaço para a distribuição de catálogos e folhetos de vendas e cursos por correio, uma forma de reforçar o negócio principal da companhia.
Muito interessante também é ver a criação de um shopping virtual na sua página de internet. Os Correios não comercializam nenhum dos produtos. Apenas cadastram empresas que queiram fazer e-commerce e dão todo o suporte logístico a elas. Se o foco deles não é competir com as Casas Bahia ou a Americanas.com, em compensação permitem a muitos empresários que entrem nesse novo mundo de uma forma barata e simples. Reforçando, mais uma vez seu negócio de transporte de mercadorias.
Por último, a criação do Banco Postal permitiu o desenvolvimento de um novo produto. Hoje, além do recebimento de pagamentos e abertura de contas, o Correios oferece empréstimos pessoais em suas agências, concorrendo com financeiras tais como Fininvest, Finasa, Taií e outras. Está entre os planos para o futuro a oferta de microcrédito através dos 55 mil carteiros que visitam todos os lares brasileiros, ampliando, ainda mais, o alcance do Banco Postal. É como as consultoras de beleza da Avon, batendo na sua porta para lhe oferecer dinheiro e não perfurmes e batons.
Exatamente no dia 20 de março, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos faz 40 anos. Ela é a sucessora dos vários correios brasileiros, empresas que vem substituindo umas às outras desde 1663. Porém, esta nova configuração permitiu que a ECT tivesse, em 2008, um faturamento de 11 bilhões de reais, com um lucro de 800 milhões de reais. Ainda em 2008, ficou ranqueada como a empresa de logística com melhor reputação no mundo, de acordo com o Reputation Institute, de Nova York.
Se isso tudo não é reinventar o negócio, não sei o que seria.
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