segunda-feira, 2 de março de 2009

O julgamento do ano

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Se você mexe com marketing e não sabe nada sobre o julgamento do PirateBay, você está precisando se informar mais. Não. Não tem nada a ver com os Piratas do Caribe, série de filmes da Disney. Trata-se do julgamento do maior site de bittorrents do mundo e pode definir o futuro da indústria fonográfica e dos famosos downloads de arquivos digitais.

Se formos fundo na história, a guerra entre a indústria e os sites que compartilham arquivos de mp3 e outros já dura quase 10 anos. Em 1999, surgia o pioneiro Napster, primeiro programa que fazia comaprtilhamento de arquivos. Seus dois anos de funcionamento foram o suficiente para gerar um mal estar generalizado entre as gravadoras e músicos, que culminou numa ação judicial patrocinada pela Recording Industry Association of America (RIAA).

Se eles foram obrigados a sair do ar,  pois a transferência era feita por inteiro de computador para computador, a partir da invenção do BitTorrent ficou mais difícil a comprovação da pirataria. Como ele parte a música em diversas frações de 256k e os reúne aleatoriamente no computador de quem está realizando o download, fica cada vez mais difícil comprovar e seguir o processo.

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Fazendo uma comparação, o Napster pegava o carro de João e transferia para Pedro. No final, João e Pedro tinham dois carros iguais. O Piratebay transfere de diversos proprietários partes do carro: o volante do João, o capô de Cláudio, o motor da Tereza, etc. No final, todo mundo tem seu carro e o Pedro também. Isso vem deixando os executivos do mercado em povorosa.

O julgamento tem dois pontos importantíssimos para nós que trabalhamos com marketing:

Primeiro – A discussão do direito autoral, que ainda está no começo e deve dar ainda muito pano para manga. Já falei sobre isso e volto a repetir: Direito autoral é uma realidade relativamente nova. Surgiu com a imprensa de Guttemberg, e se desenvolveu com a invenção dos aparelhos de cinema e de reprodução de música, no século XIX. Você já imaginou como Willian Shakespeare ou Ludwig van Beethoven faziam para receber direitos autorais nas suas respectivas épocas?

Se os formatos de divulgação do século XX, papel, discos e fitas cassetes, dificultavam a cópia dos materiais pura e simplesmente, a invenção do computador e da internet jogou por baixo essas limitações. E as pessoas não vão deixar de copiar os materiais que se interessam somente porque isso é ilegal.  Para mim, a indústria fonográfica sabe claramente disso e está tentando ganhar tempo processando todas as iniciativas que aparecem enquanto não criam uma solução que lhes permita controlar o processo.

Segundo – A mudança de paradigma do que é um julgamento e como ele pode ser acompanhado. Os quatro sócios do Piratebay tem uma visão do mundo bastante contemporânea. E aplicam essa visão, não somente no site, mas também no próprio julgamento. Exigiram, e conseguiram, que ele fosse transmitido pela internet (o problema é que ele é em sueco!). Além disso, é possível acompanhá-lo pelo Twitter, com alguns comentários em sueco, outros em inglês. É o que eles chamaram de Spectrial, um misto das palavras espetáculo (spectacle) com julgamento (trial). Esse mix de meios, que aumenta o impacto a favor de um movimento, precisa ser bem entendido, pois cada vez mais afetará as marcas para as quais trabalhamos.

Agora é esperar o resultado do julgamento. E torcer para que a gente possa utilizar o aprendizado desse movimento a nosso favor.

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