A grande notícia de hoje é a reviravolta na estratégia das embalagens do famoso suco de laranja Tropicana. A marca, pertencente à Pepsico, fez uma mudança radical recentemente, no começo de janeiro, e menos de um mês depois foi obrigada a voltar atrás.
Advertising Age e New York Times contam a história em detalhes. É muito interessante ver o CEO da Arnell Group, Peter Arnell, explicando a modernidade da nova embalagem que não durou nem 30 dias no mercado.
O assunto parece uma reedição da New Coke, que em 1985 substituiu a Coca-Cola e que durou menos de três meses nas gôndolas, bares e restaurantes, antes da fabricante relançar a antiga fórmula com o nome de Classic. Tudo isso nos Estados Unidos, pois nem deu tempo da nova fórmula rodar o mundo.
O mais interessante é que Tropicana tinha uma embalagem que se destacava nas gôndolas, com um símbolo inconfundível – o canudo fincado numa laranja -e com o nome do produto saltando aos olhos do consumidor. Conseguiram, numa só tacada, sumir nas prateleiras, esconder o nome e parecer um produto genérico de suco de laranja.
O consumidor foi a luta. Blogs começaram a falar das mudanças e questionar o acerto da nova estratégia da Pepsico. Até o Twitter entrou na dança e a mudança foi inevitável.
O assunto vai render páginas e páginas de análise em revistas de marketing e economia. Só um tema, que apareceu no caso New Coke e que retorna agora, chama atenção: Os executivos usam a pesquisa de mercado como bode espiatório. Em ambos os casos, a preferência, em pesquisas de mercado, pela “novidade” versus a versão antiga é apontada como a razão pela decisão das empresas. Só não se conta que as pesquisas são parte do processo decisório. Que a decisão é tomada com a ajuda, e não por causa, delas.
Olhando o caso Coke, é mais fácil acreditar que os executivos da Coca-Cola acreditavam piamente na novidade, pois fizeram todos os preparos possíveis e tinham certeza no acerto da decisão. Não seria o caso de Tropicana, que sob qualquer ponto de vista parece-me pior do que o que existia anteriormente.
Um dos maiores riscos de mercado, e que as empresas vivem fazendo, é mudar pela mudança. É a busca da novidade, custe o que custar. Não importam as razões, muitas das vezes tomadas por executivos tentando colocar suas marcas na história das empresas. Importa tentar entender que o consumidor é o verdadeiro dono das marcas. E seu envolvimento sentimental é o fator mais importante que não podemos nos esquecer.
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